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António Costa: "Depois de uma cirurgia, é necessário um programa de fisioterapia"

O líder do PS diz que Portugal precisa de um programa de ajustamento diferente, não baseado em políticas de empobrecimento, mas sim na reconstrução do músculo empresarial e na criação de empregos.

Negócios 17 de Abril de 2015 às 11:55
Miguel Baltazar/Negócios
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O secretário-geral do PS apresentou esta sexta-feira, 17 de Abril, os princípios que guiarão o programa económico dos socialistas [que será apresentado na próxima terça-feira, 21 de Abril], criticando as políticas deflacionárias dos últimos anos, e defendendo uma estratégia de "alternativa à austeridade".

 

No plano interno propõe a aposta na qualificação e inovação e num "novo equilíbrio" entre o pagamento da dívida pública, respeito das decisões do Tribunal Constitucional e investimento. No plano europeu defende políticas que combatam os desequilíbrios macroeconómicos e o aproveitamento da "interpretação inteligente e flexível do PEC" permitida pela Comissão Europeia.

 

"Para enfrentar e superar esta crise não basta um programa de ajustamento. É necessária uma exigente agenda europeia e uma nova agenda interna, a dois tempos, o da urgência da recuperação económica e social, e o da inadiável intervenção estrutural", afirmou António Costa na conferência "Caminhos para o Crescimento" organizada pelo Negócios na manhã de sexta-feira, dia 17 de Abril.

 

O secretário-geral defendeu que a importância de políticas que, no plano interno, promovam a recuperação de rendimentos – garantindo o cumprimento das decisões do Tribunal Constitucional na devolução de salários e pensões - a capitalização das empresas, a adopção de políticas activas de emprego centradas nos jovens qualificados, e estímulos aos sectores de mão-de-obra intensiva "como a restauração e a construção civil, sectores devastados nestes anos".

 

"Depois de uma cirurgia, é necessário um programa de fisioterapia, que permita reconstruir o músculo e recuperar a autonomia dos movimentos. No nosso caso é urgente criar músculo empresarial e recuperar emprego", afirmou, para defender que Portugal necessita de deixar as políticas que procuram ganhos de competitividade por via da desvalorização salarial, para apostar na competitividade assente em ganhos de inovação, modernização e coesão social.

 

Na frente europeia, o líder dos socialistas diz que a Europa "necessidade de mobilizar mais armas", de forma a corrigir os "impactos assimétricos do euro sobre a competitividade das diferentes economias", a "estabelecer um novo equilíbrio entre os recursos afectos ao sérvio da dívida, os recursos necessários ao cumprimento das obrigações constitucionais, e os recursos indispensáveis à realização de investimento. Finalmente, defendeu uma interpretação flexível das regras europeias, aproveitando a margem de manobra concedida pela Comissão Europeia para financiamento de investimentos e reformas estruturais. 

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