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"Hoje estamos perante um dilema que é o de manter o crescimento com estabilidade financeira, social, e com redução das desigualdades. Os próximos três anos são, do ponto de vista da dimensão externa, dos mais desafiantes que Portugal já viveu", considerou Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, na abertura da 6.ª edição da conferência Grande Encontro Banca do Futuro, uma iniciativa do Jornal de Negócios.
A economia está em desaceleração e cresce menos hoje do que antes da pandemia. "Um dos fatores principais para explicar esta desaceleração tem que ver com a dimensão externa. Temos uma perspetiva para os próximos três anos (2023-2025) de crescimento em média da procura externa de 1,7%, o que compara com 2,8% de crescimento da procura externa durante o programa de ajustamento, e no período pré-pandémico (2016-2019) a procura externa dirigida à economia portuguesa foi de 3,4%", salientou.
Este desafio para as exportações e o comércio externo acontece em período de "normalização da política monetária", o que significa que as taxas de juro deixam de estar próximas de zero e, estruturalmente, aproximam-se da taxa neutral de juro, "que é a taxa de juro compatível com o objetivo de inflação de 2%, que estimamos possa estar entre 1,5 e 2,5%, claramente mais alto do que zero".
Os melhores nos testes
Em relação à banca, Mário Centeno sublinhou que nos últimos testes de stress europeus, "a banca portuguesa teve o melhor resultado". O rácio NPL caiu de 17,5% em 2015 para 3,1% em 2023 e o CET 1 (rácio de fundos próprios de capital da mais alta qualidade) passou de 7,4% em 2010 para 16,4% em 2023. Como frisou o governador do Banco de Portugal, a banca capitalizou-se e não tem perdido nenhuma oportunidade de gerar capital internamente.
Mário Centeno recordou que entre 2010 e 2017 os resultados líquidos do sistema bancário foram negativos em 11,6 mil milhões. De 2018 a 2023 (primeiro semestre), a banca teve 17,2 mil milhões de euros de lucros. A média anual de 2010 a 2023 é de 264 milhões de euros de lucros. "Neste longo período de tempo, a banca teve magros resultados. Se olhássemos para este número, em nenhum país a banca era sustentável", observou Mário Centeno. Mas a tendência mostra uma evolução no sentido de bons resultados com 3.162 milhões de euros de lucros em 2022.
"Os resultados da banca têm ciclos, uns péssimos, como os que vivemos, outros bons como os que estamos a viver agora. É uma enorme responsabilidade para a banca gerir estes ciclos. Estes resultados devem ser interiorizados pelos bancos, não devem ser pedidas ajudas. É por isso que estes resultados são merecidos, são cíclicos e devem representar a maior fatia de preparação do futuro que a banca nos pode oferecer. Estes resultados têm de ser usados para preparar o futuro", considerou Mário Centeno.
Na sua mensagem final, afirmou que o seu maior desejo para Portugal e para o seu futuro "é que a banca adote políticas prudentes, de constituição de imparidades e de conservação de capital. Neste momento, em que muitos olham para os resultados e entendem que são extraordinários e excessivos, estes resultados têm uma dimensão cíclica muito significativa e, felizmente, a banca em Portugal tem respondido aos desafios de remuneração de poupanças, de atenção aos clientes, há dezenas de milhares de créditos renegociados, reavaliados e adaptados às novas condições. A banca tem essa preocupação permanente e de reforço das suas condições de funcionamento."
A economia está em desaceleração e cresce menos hoje do que antes da pandemia. "Um dos fatores principais para explicar esta desaceleração tem que ver com a dimensão externa. Temos uma perspetiva para os próximos três anos (2023-2025) de crescimento em média da procura externa de 1,7%, o que compara com 2,8% de crescimento da procura externa durante o programa de ajustamento, e no período pré-pandémico (2016-2019) a procura externa dirigida à economia portuguesa foi de 3,4%", salientou.
Este desafio para as exportações e o comércio externo acontece em período de "normalização da política monetária", o que significa que as taxas de juro deixam de estar próximas de zero e, estruturalmente, aproximam-se da taxa neutral de juro, "que é a taxa de juro compatível com o objetivo de inflação de 2%, que estimamos possa estar entre 1,5 e 2,5%, claramente mais alto do que zero".
Os melhores nos testes
Em relação à banca, Mário Centeno sublinhou que nos últimos testes de stress europeus, "a banca portuguesa teve o melhor resultado". O rácio NPL caiu de 17,5% em 2015 para 3,1% em 2023 e o CET 1 (rácio de fundos próprios de capital da mais alta qualidade) passou de 7,4% em 2010 para 16,4% em 2023. Como frisou o governador do Banco de Portugal, a banca capitalizou-se e não tem perdido nenhuma oportunidade de gerar capital internamente.
Mário Centeno recordou que entre 2010 e 2017 os resultados líquidos do sistema bancário foram negativos em 11,6 mil milhões. De 2018 a 2023 (primeiro semestre), a banca teve 17,2 mil milhões de euros de lucros. A média anual de 2010 a 2023 é de 264 milhões de euros de lucros. "Neste longo período de tempo, a banca teve magros resultados. Se olhássemos para este número, em nenhum país a banca era sustentável", observou Mário Centeno. Mas a tendência mostra uma evolução no sentido de bons resultados com 3.162 milhões de euros de lucros em 2022.
Os resultados da banca têm ciclos, uns péssimos, como os que vivemos, outros bons como os que estamos a viver agora. Mário Centeno
Governador do Banco de Portugal
Entre 2010 e 2023, o setor bancário perdeu dimensão, passou de 6.240 agências em 2010 para 3.363 em 2022, e de 56.844 trabalhadores para 43.915, o rácio de crédito e de depósitos caiu de "um valor insustentável de 151%" em 2010 para 80% em 2023. O setor tornou-se mais coeso, mais eficiente, mais digital, segundo Mário Centeno. "Temos hoje a felicidade de termos um dos melhores indicadores em cost income", sublinhou Mário Centeno.Governador do Banco de Portugal
"Os resultados da banca têm ciclos, uns péssimos, como os que vivemos, outros bons como os que estamos a viver agora. É uma enorme responsabilidade para a banca gerir estes ciclos. Estes resultados devem ser interiorizados pelos bancos, não devem ser pedidas ajudas. É por isso que estes resultados são merecidos, são cíclicos e devem representar a maior fatia de preparação do futuro que a banca nos pode oferecer. Estes resultados têm de ser usados para preparar o futuro", considerou Mário Centeno.
Na sua mensagem final, afirmou que o seu maior desejo para Portugal e para o seu futuro "é que a banca adote políticas prudentes, de constituição de imparidades e de conservação de capital. Neste momento, em que muitos olham para os resultados e entendem que são extraordinários e excessivos, estes resultados têm uma dimensão cíclica muito significativa e, felizmente, a banca em Portugal tem respondido aos desafios de remuneração de poupanças, de atenção aos clientes, há dezenas de milhares de créditos renegociados, reavaliados e adaptados às novas condições. A banca tem essa preocupação permanente e de reforço das suas condições de funcionamento."