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A geração que quer tudo de uma forma imediata e rápida

Sandra Maximiano revela que esta geração tem uma perceção de que “a banca é um setor não facilitador do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, de setor pouco ético e transparente, imagem resultante da crise financeira”.

Filipe S. Fernandes 23 de Novembro de 2023 às 17:30
“Atrair a geração Z” foi a apresentação realizada por Sandra Maximiano. Duarte Roriz
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"A banca tem de se reinventar para absorver esta geração Z e de pensar já também na geração Alfa, que é a geração seguinte. A banca tem de repensar a forma como comunica, agrega valor, atrai e retém quer clientes quer colaboradores", disse Sandra Maximiano na sua apresentação, "Atrair a geração Z", no Grande Encontro Banca do Futuro, uma iniciativa do Jornal de Negócios.

É uma geração constituída por indivíduos que nasceram em meados dos anos 1990 até 2010 e são cerca de 1 milhão e 600 mil pessoas, segundo os últimos censos.

"Pode ser definida como ESG pelas suas preocupações muito caracterizadas pela desmaterialização do consumo, por fazer escolhas como expressão de identidade individual, e escolhas ancoradas na ética e na responsabilidade", afirmou Sandra Maximiano, professora e investigadora do ISEG, e que está indigitada para a presidência da Anacom.

A geração Z é supertecnológica, hiperconectada, hipercognitiva, inclusiva, privilegia a diversidade cultural, orientação sexual, e identidade de género. É uma geração autodidata, e que gosta de aprender sozinha. Neste aspeto, segundo Sandra Maximiano, "cria grandes desafios no ensino, mas também para as empresas, nomeadamente, no que se refere às formações profissionais que não devem seguir, de todo, os mesmos moldes e devem usar muito um sistema de learning by doing".

Geração oito segundos

No consumo como expressão e identidade, há uma cultura do "just for you", e uma preferência por produtos, serviços e processos personalizados, que pareçam especialmente fabricados para si.

"Uma personalização em grande escala só é possível porque temos grandes avanços tecnológicos, inteligência artificial, algoritmos, data analytics. Seria importante uma combinação entre o big data com o small data", salientou Sandra Maximiano. Sublinhou que muitas organizações financeiras nos Estados Unidos, nomeadamente as de maior dimensão, "já têm um Chief Behavioural Officer para tratar destas questões comportamentais".

Para a professora do ISEG é "uma geração que vive nos oito segundos, que quer tudo de uma forma imediata e rápida. Para esta geração são importantes os processos em omnicanal para todos os serviços, além dos financeiros, combinar interações digitais com pessoais de forma sincronizada e diluir a fronteira online-offline, mas que gosta da permeabilidade entre estas duas situações."

No mercado de trabalho, a geração Z procura um job hobby, fazer algo com propósito, por isso privilegiam a procura de inovação, criatividade e potencial de crescimento rápido, condições de trabalho flexíveis com o trabalho remoto e de freelancer, o que a tech industry oferece mais.

Sandra Maximiano revela que esta geração tem uma perceção de que "a banca é um setor não facilitador do equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, de setor pouco ético e transparente, resultante da crise financeira. Preferem empresas de que haja perceção de que têm impacto na sociedade."

Aconselhou a banca a fazer programas que valorizem o bem-estar organizativo, passar uma imagem de que têm papel importante na abordagem de questões sociais, por exemplo, programas de inclusão financeira, literacia financeira, concessão de microcrédito para grupos vulneráveis ou financiamento sustentável.
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