Dados da Direção-Geral de Energia e Geologia (DGEG) referentes a 2020 mostram que o consumo global de combustíveis fósseis em Portugal caiu 11,1% no final do ano, em comparação com o ano anterior, para 12,68 milhões de toneladas equivalentes de petróleo.
Diz a DGEG que a evolução se deve, fundamentalmente, à redução do consumo de carvão utilizado nas centrais termoelétricas, assim como ao consumo de combustíveis rodoviários. O carvão teve uma queda de 50%, motivada pelo menor uso das centrais termoelétricas a carvão. Já nos produtos petrolíferos, o consumo de gasolina caiu 17,3% face a 2019, o de gasóleo baixou 13,3% e o de GPL recuou apenas 0,1%. Este comportamento no GPL combinou uma descida de 21% na procura de GPL para automóveis, um recuo de 2,1% no gás butano e um aumento de 1,8% no consumo de propano.
A quebra ocorrida em 2020 nestes derivados do petróleo foi da ordem dos 15%, quando comparado com 2019. Fazendo a mesma comparação para o "jet fuel", a quebra foi de 62%. Com exceção do carvão, a redução de consumo de combustíveis está fortemente relacionada com as consequências decorrentes da pandemia, nomeadamente com o confinamento da população e com a acentuada redução na atividade das empresas.
Os dados da DGEG mostram ainda que o consumo de "jet" para aviões se afundou 61% face ao ano anterior, ao passo que o combustível para navios observou uma queda de 26%.
A maior utilização dos recursos endógenos e renováveis portugueses para a produção de eletricidade tem alterado a composição do mix de produção de eletricidade em Portugal e tem, consecutivamente, desempenhado um papel cada vez mais determinante na satisfação do consumo.
De janeiro a abril de 2021, foram gerados 17.942 GWh de eletricidade em Portugal continental, dos quais 24,92% foram de origem fóssil e 75,1 % de origem renovável. No quarto mês de 2021, a incorporação renovável na geração de eletricidade foi de 58% (2.136 GWh). Por sua vez, os centros eletroprodutores térmicos fósseis representaram 42% (1.544 GWh).
Impactos negativos do consumo das energias não renováveis
- Extinção de reservas;
- Dependência energética;
- Dificuldade de abastecimento e contaminação ambiental;
- Emissão de CO2 para a atmosfera, aumentando o efeito de estufa;
- Elevado impacto ambiental.
Portugal persegue ganhos de eficiência
A eficiência energética é uma das prioridades do PNEC 2030 e para levar a bom porto os objetivos de descarbonização da sociedade. Desta forma, Portugal compromete-se com o princípio da Prioridade à Eficiência Energética nas decisões sobre projetos de investimento no setor energético, numa lógica de sustentabilidade e custo-eficácia. "Reduzir o consumo de energia primária nos vários setores num contexto de sustentabilidade e custo-eficácia, apostar na eficiência energética e no uso eficiente de recursos, privilegiar a reabilitação e a renovação do edificado, e promover edifícios de emissões zero" são metas desenhadas no PNEC 2030. A União Europeia estabeleceu metas ambiciosas para a eficiência energética, tendo como objetivo poupar até 32,5% de energia no espaço europeu até 2030.
Para a concretização das metas estabelecidas a nível nacional e europeu, Portugal conta desde 2014 com uma dotação do Fundo de Coesão de 737 milhões de euros disponibilizada através do PO SEUR – Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos. A 31 de dezembro de 2020, encontravam-se comprometidos 718 milhões de euros do Fundo de Coesão repartidos por um total de 231 projetos aprovados. Na área da eficiência energética, encontram-se aprovados mais de 162 projetos, estimando-se um contributo para a redução do consumo anual de energia em cerca de 29.918 tep (tonelada equivalente de petróleo) e para a redução de emissões de 67.478 tons de CO2 equivalente.