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Renováveis pouparam 1,7 mil milhões de euros aos consumidores entre 2016 e 2020, diz a APREN

Um estudo da Deloitte para a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN) conclui que as energias limpas tiveram "um efeito líquido positivo para o sistema" entre 2016 e 2020 com um valor acumulado de 1,7 mil milhões de euros.

Da energia eólica, hídrica, solar, biomassa até ao autoconsumo, as renováveis rumam aos mercados.
Paulo Whitaker/Reuters
07 de Setembro de 2021 às 13:30
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Entre 2016 e 2020, as energias renováveis tiveram um impacto positivo para o sistema elétrico nacional e para a economia portuguesa.

Segundo um estudo feito pela consultora Deloitte para a Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), as renováveis resultaram em "poupanças acumuladas" de 6,1 mil milhões de euros para o sistema, "dos quais cerca de 2,5 mil milhões de euros correspondem aos anos de 2019 e 2020". Em 2020 "o valor da poupança é bastante superior por impacto da quebra do consumo devido à pandemia". 

No entanto, o valor real das poupanças é de 1,7 mil milhões de euros. Isto porque deve ser considerando o diferencial de custo da produção em regime especial (PRE) renovável e o seu impacto no preço do mercado diário de eletricidade, explica o estudo. O valor mais elevado de poupança foi registado em 2020, quando o impacto positivo para o sistema atingiu os 684 milhões de euros, face à quebra do consumo devido à pandemia. No ano anterior, a poupança tinha sido de 144 milhões de euros. 

Segundo a análise, os principais impactos na tarifa de eletricidade resultantes de fontes de energia renovável "são repercutidos na tarifa de uso global de sistema através dos CIEG e no custo de compra e comercialização de eletricidade no Mercado Ibérico". 

Desta forma, os consumidores são beneficiados porque na Tarifa de Uso Global do Sistema "consideram-se os custos decorrentes de medidas de política energética, ambiental e de Interesse Económico Geral (CIEG), entre os quais, se inclui o diferencial de custo da PRE". Acresce ainda que o uso de renováveis "tem uma influência de redução no preço marginal da eletricidade em mercado, uma vez que o custo marginal de produção de eletricidade" a partir de renováveis em Regime Especial "é tendencialmente menor do que de outras fontes", refere o estudo. 

O custo da PRE renovável entre 2016 e 2020 ascendeu a 4,4 mil milhões de euros, sendo a sua tendência decrescente. Em 2020, os custos foram de 773 milhões de euros, enquanto nos anos anteriores oscilaram entre os 829 e os 978 milhões de euros. 

A análise conclui que as renováveis "podem gerar poupanças anuais na fatura da eletricidade, em média, de até cerca de 50 euros para um consumidor doméstico e de até 4.500 euros para um consumidor não-doméstico". 

E refere que entre 2016 e 2020, "o preço de venda da eletricidade sem PRE renovável foi, em média, 24 €/MWh superior ao preço de venda com PRE renovável". 

Hidrogénio verde pode gerar mais investimento e emprego

Além destes impactos para os consumidores, as renováveis terão ainda contribuído com 18,5 mil milhões de euros para o PIB no período em análise, o que equivale a 3,7 mil milhões por ano. Equivale a 1,9% do PIB nacional. 

"Estima-se que, em 2030, este valor ascenda a ~12,8 mil milhões de euros (~5% do PIB). Com o acréscimo de produção renovável resultante do H2 verde e do aumento da ambição climática, estima-se que possa acrescentar entre 1,9 a 6,7 mil milhões de euros anuais adicionais ao valor total de impacto no PIB no ano de 2030", lê-se no estudo. 

No que toca ao emprego, o setor contava em 2020 com cerca de 51 mil trabalhadores, gerando um PIB por trabalhador na casa dos 77,2 mil  euros. Entre 2020 e 2030, "com a concretização das estimativas de capacidade adicional", as renováveis "deverão gerar um adicional de mais de 90 mil colaboradores, chegando aos cerca de 160 mil empregos em 2030".

A análise defende que "uma maior ambição climática a par com a introdução do H2 verde poderá ainda acrescentar entre 24 a 83 mil empregos a estas estimativas para 2030".

Já no que toca às contribuições para a Segurança Social, estas podem atingir os 1,6 mil milhões de euros em 2030 "com a possibilidade de acréscimo de até 842 milhões de euros se se verificar a aposta em Hidrogénio Verde e o aumento da ambição climática totalizando uma contribuição anual de 2,45 mil milhões". 

Ao mesmo tempo, entre 2020 e 2030, o setor deverá representar cerca de 10 mil milhões de euros de contribuições acumuladas para o IRS.

"Face ao crescimento previsto, no período 2020-30 o setor deverá gerar um total acumulado de cerca de 4,2 mil milhões de euros com IRC e Derrama Municipal, atingindo um valor anual de 482 milhões de euros em 2030". O hidrogénio verde e o aumento da ambição climática poderão significar 81 a 161 milhões adicionais anuais em IRC e Derrama em 2030.

No que se refere ao IVA, a contribuição líquida anual em 2030 deverá chegar a 1,9 mil milhões de euros, quatro vezes mais que em 2020. 

O estudo antecipa ainda que entre 2020 e 2030, o investimento privado em centros electroprodutores de renováveis ascenda a 20 mil milhões de euros. "Os investimentos associados ao H2 verde e aumento da ambição climática poderão representar um acréscimo de 4,3 a 5,4 mil milhões de euros até 2030". 

No que toca ao impacto ambiental, a APREN conclui que a energia renovável "permitiu evitar a emissão de 19,9 milhões de toneladas equivalentes de CO2 em 2020, a que corresponde uma poupança de 433 milhões de euros em licenças de emissão de CO2". 

Entre 2016 e 2020, as renováveis permitiram ainda poupar cerca de 4,1 mil milhões de euros em importação de carvão e gás natural.
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