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Energias renováveis florescem em Portugal

Longe dos combustíveis fósseis e centrado na descarbonização, Portugal começa a mostrar que está empenhado em apanhar o comboio das energias amigas do ambiente.

22 de Março de 2021 às 15:13
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Em expansão no nosso país, as energias renováveis ganham uma cada vez maior abrangência e começam, paulatinamente, a dar cartas em território nacional. Seja a energia solar, eólica ou a das marés, a verdade é que Portugal é um país repleto de boa "matéria-prima" para dar avanço a esta realidade.

 

 

Uma questão que fica espelhada nos mais recentes números da Associação Portuguesa de Energias Renováveis (APREN), segundo os quais, no que toca à geração de eletricidade renovável, as notícias são animadoras. Todos os centros eletroprodutores de Portugal continental produziram, em 2020, um total de 49.324?GWh de eletricidade, proveniente em 61,7 % de fonte renovável. Este total foi maioritariamente suportado pelas tecnologias hídrica e eólica, que representaram 28% e 24%, respetivamente.

 

 

Diz ainda a APREN, através do seu CEO, Pedro Amaral Jorge, que a produção de eletricidade a partir de combustíveis fósseis "apresentou um decréscimo de 5,6% face a 2019, devido à reduzida taxa de utilização de 32% das centrais", com ênfase nas centrais a carvão cuja taxa de utilização foi de apenas 15%.

 

 

E, na realidade, neste ponto, assistiu-se a um phase-out antecipado do carvão, "em grande parte, resultado da redução de consumo imposta pela pandemia de covid-19 em paralelo com a fraca competitividade desta tecnologia em mercado".

 

 

Mas o CEO da APREN deixa ainda números mais recentes, por via dos quais "o cenário é ainda mais positivo". Assim sendo, fevereiro "contou com uma representatividade renovável na geração de 88,5 %, e mais de 100% relativamente ao consumo de Portugal continental". Este foi "um mês histórico", destacando-se ainda o acumulado dos dois primeiros meses de 2021 "com 80% de geração renovável resultado de condições de elevada disponibilidade de recursos endógenos e também da redução do consumo". Fatores que, no entender de Pedro Amaral Jorge, "mais uma vez vêm comprovar a resiliência e flexibilidade do sistema elétrico à elevada integração de renovável variável".

 

 

Eurostat coloca Portugal em sétimo lugar

 

 

Esta não é, de resto, uma realidade totalmente nova, uma vez que, já em meados do ano passado, o gabinete de estatística da União Europeia, o Eurostat, tinha publicado o balanço da energia renovável em 2019, tendo colocado Portugal em sétimo entre os países que mais incluem esta energia no seu mix. Dizia então o Eurostat que, no conjunto da União Europeia, o consumo de renováveis ascendeu aos 19,7% em 2019, quando o bloco se havia comprometido a chegar aos 20% em 2020.

 

 

Nessa altura, contavam-se já 14 Estados-membros que tinham conseguido superar as metas traçadas. Mas há também aqueles que, segundo as contas do Eurostat ficaram longe do desejável, casos de França, país que falhou por maior margem – 5,8 pontos percentuais –, seguida dos Países Baixos, Irlanda e Luxemburgo (país cuja energia renovável pesa apenas 7% no total do seu mix).

 

 

O futuro é hoje

 

 

Em termos futuros, a APREN considera que a palavra que deverá reger as estratégias é "simplificação". Pedro Amaral Jorge acha que "isto é verdade para a instalação de novos centros eletroprodutores renováveis, com a necessidade de simplificar e otimizar os processos de licenciamento", e, sobretudo, "de diminuir em muito o respetivo tempo de resposta por parte das entidades responsáveis". Mas a necessidade de simplificar abrange também "a aplicação dos fundos europeus" alargados a todos os processos, "desde a candidatura à atribuição dos fundos". Para além disso, o setor não pode evoluir nem se adaptar à crescente eletrificação dos consumos "se não houver um esforço dedicado e integrado direcionado ao reforço e adequação da rede elétrica de serviço público", diz ainda o CEO da APREN.

Importa ainda considerar que os investidores estão cada vez mais cautelosos com os combustíveis fósseis, à medida que cresce o ímpeto para taxar equipamentos altamente poluentes em matéria de carbono e a economia da energia mudou com a diminuição do preço das tecnologias renováveis. Assim sendo, são vários os bancos de investimento que começam a afastar-se dos combustíveis fósseis, tanto do petróleo quanto do carvão.

 

 

Por outro lado, há sinais positivos que chegam de todos os pontos do mundo. Por exemplo, a China comprometeu-se a atingir a neutralidade em carbono até 2060, o que coloca o maior mercado mundial de energia solar e eólica no bom caminho para aumentar as instalações no início do próximo plano quinquenal. Por outro lado, alguns analistas começam a prever que o setor de energia dos Estados Unidos se aproxima do pico do gás natural; uma realidade que poderá vir a acelerar a expansão contínua das instalações de painéis solares.

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