Notícia
Soou um alarme no mercado financeiro dos EUA, mas não se sabe se é um problema
Nos dias em que decorre uma reunião de política monetária, a Reserva Federal viu-se obrigada a ter de atuar para resolver um incidente no mercado financeiro. Há quem desvalorize, mas também quem dramatize.
Ao final da tarde desta quarta-feira, 18 de setembro, a Fed deverá anunciar se baixa (ou não) as taxas de juro diretoras, tal como antecipam os analistas. Contudo, a atenção dos investidores está num alerta que soou ontem e que implicou a intervenção da Reserva Federal.
Em causa está o dinheiro disponível para as instituições financeiras se financiarem (junto de outros bancos ou do banco central) para as suas necessidades de curto-prazo: os agentes económicos pedem empréstimos com garantias e prometem pagar em alguns dias a um valor superior. Chama-se um acordo de recompra (em inglês, "repo", repurchase agremeent), um mercado de 2,2 biliões de dólares nos EUA.
"Os bancos e corretoras usam contratos de recompra para emprestar dinheiro a curto prazo, vendendo um título, como uma hipoteca ou um título do Tesouro, e prometendo comprá-lo de volta no futuro a um preço um pouco mais alto", explica Pedro Amorim, analista da corretora Infinox, ao Negócios, referindo que com estas operações "os gestores de fundos obtêm um local seguro para colocar dinheiro e (geralmente) obtêm um pequeno retorno".
Só que a liquidez desse mercado "secou" nesta segunda-feira e terça-feira, o que levou a taxa de juro em alguns empréstimos noturnos (de um dia para o outro) para os 10%, mais de quatro vezes superior ao intervalo dos juros diretores (atualmente nos 2% a 2,25%). Estes juros diretores da Fed servem para influenciar os juros praticados nos mercados financeiros dos EUA.
Esse episódio forçou a Reserva Federal a fazer uma injeção de liquidez de emergência de mais de 50 mil milhões de dólares para evitar que os custos de financiamento aumentassem ainda mais, o que não acontecia há mais de uma década, segundo a Reuters. A mesma operação decorre novamente esta quarta-feira.
O soar do alarme deve-se ao facto de tal ter acontecido durante a crise financeira de 2008 quando havia desconfiança entre os bancos por causa da falência de alguns, mas não é claro se este alerta é um problema. "Um choque como o que foi visto na terça-feira suscita preocupações entre executivos de bancos, que contam com contratos para manter as luzes acesas da noite para o dia, e reguladores em Washington, que dependem disso para lubrificar o sistema financeiro", considera Pedro Amorim.
O debate e as teorias sobre este episódio têm-se propagado nos media financeiros, mas há alguns fatores consensuais que podem ajudar a explicar o fenómeno e a sua característica esporádica. Bem como a diminuir as preocupações dos investidores.
Em primeiro lugar, esta segunda-feira, as empresas tiveram de retirar fundos das suas contas do mercado monetário para pagar impostos.
Em segundo lugar, no mesmo dia, os bancos e os investidores que compraram 78 mil milhões de dólares em obrigações norte-americanas na semana passada tiveram de fazer agora esse pagamento. Os dois fatores em conjunto poderão explicar o aumento repentino da procura nesse dia, o que levou à subida dos juros numa altura de escassez de liquidez (oferta).
Além disso, o excesso de reservas que os bancos têm junto da Reserva Federal - e que são uma fonte de financiamento para outros bancos durante a noite - está em mínimos de 2011 uma vez que o banco central tem vendido obrigações nos últimos anos na tentativa de reduzir o seu balanço (uma forma de aperto monetário), o que está a ser captado pelos bancos. Nos períodos de uma política monetária mais expansionista, a Fed compra obrigações para aumentar a liquidez do sistema financeiro.
Para Pedro Amorim, "no curto prazo, isso [esta disrupção no mercado monetário] provavelmente afeta apenas aqueles que tomam empréstimos nos mercados overnight, mas se as tensões durarem o suficiente, podem afetar as taxas que outras empresas e consumidores pagam".
Há realmente quem dramatize o episódio, antecipando consequências negativas para os mercados financeiros. Ontem, a Bloomberg citava um responsável de uma pequena corretora de Nova Jérsia, Scott Skrym: "Isto é de loucos", exclamou, referindo ao facto da taxa "repo" ter chegado aos 10%, ainda que temporariamente. Mas, neste momento, não há relatos de mais complicações após a atuação da Fed.
Em causa está o dinheiro disponível para as instituições financeiras se financiarem (junto de outros bancos ou do banco central) para as suas necessidades de curto-prazo: os agentes económicos pedem empréstimos com garantias e prometem pagar em alguns dias a um valor superior. Chama-se um acordo de recompra (em inglês, "repo", repurchase agremeent), um mercado de 2,2 biliões de dólares nos EUA.
Só que a liquidez desse mercado "secou" nesta segunda-feira e terça-feira, o que levou a taxa de juro em alguns empréstimos noturnos (de um dia para o outro) para os 10%, mais de quatro vezes superior ao intervalo dos juros diretores (atualmente nos 2% a 2,25%). Estes juros diretores da Fed servem para influenciar os juros praticados nos mercados financeiros dos EUA.
Esse episódio forçou a Reserva Federal a fazer uma injeção de liquidez de emergência de mais de 50 mil milhões de dólares para evitar que os custos de financiamento aumentassem ainda mais, o que não acontecia há mais de uma década, segundo a Reuters. A mesma operação decorre novamente esta quarta-feira.
O soar do alarme deve-se ao facto de tal ter acontecido durante a crise financeira de 2008 quando havia desconfiança entre os bancos por causa da falência de alguns, mas não é claro se este alerta é um problema. "Um choque como o que foi visto na terça-feira suscita preocupações entre executivos de bancos, que contam com contratos para manter as luzes acesas da noite para o dia, e reguladores em Washington, que dependem disso para lubrificar o sistema financeiro", considera Pedro Amorim.
O debate e as teorias sobre este episódio têm-se propagado nos media financeiros, mas há alguns fatores consensuais que podem ajudar a explicar o fenómeno e a sua característica esporádica. Bem como a diminuir as preocupações dos investidores.
Em primeiro lugar, esta segunda-feira, as empresas tiveram de retirar fundos das suas contas do mercado monetário para pagar impostos.
Em segundo lugar, no mesmo dia, os bancos e os investidores que compraram 78 mil milhões de dólares em obrigações norte-americanas na semana passada tiveram de fazer agora esse pagamento. Os dois fatores em conjunto poderão explicar o aumento repentino da procura nesse dia, o que levou à subida dos juros numa altura de escassez de liquidez (oferta).
Além disso, o excesso de reservas que os bancos têm junto da Reserva Federal - e que são uma fonte de financiamento para outros bancos durante a noite - está em mínimos de 2011 uma vez que o banco central tem vendido obrigações nos últimos anos na tentativa de reduzir o seu balanço (uma forma de aperto monetário), o que está a ser captado pelos bancos. Nos períodos de uma política monetária mais expansionista, a Fed compra obrigações para aumentar a liquidez do sistema financeiro.
Para Pedro Amorim, "no curto prazo, isso [esta disrupção no mercado monetário] provavelmente afeta apenas aqueles que tomam empréstimos nos mercados overnight, mas se as tensões durarem o suficiente, podem afetar as taxas que outras empresas e consumidores pagam".
Há realmente quem dramatize o episódio, antecipando consequências negativas para os mercados financeiros. Ontem, a Bloomberg citava um responsável de uma pequena corretora de Nova Jérsia, Scott Skrym: "Isto é de loucos", exclamou, referindo ao facto da taxa "repo" ter chegado aos 10%, ainda que temporariamente. Mas, neste momento, não há relatos de mais complicações após a atuação da Fed.