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Inflação de junho "é positiva", mas caminho vai ser "acidentado", diz Lagarde
Tanto na Zona Euro como nos EUA, os serviços estão a ser uma dor de cabeça para os bancos centrais. Christine Lagarde quer perceber se há fatores estruturais, enquanto o homólogo Jerome Powell desdramatiza.
02 de Julho de 2024 às 15:03
O alívio na inflação na Zona Euro em junho é positivo, mas o caminho vai ser acidentado, avisa Christine Lagarde. A presidente do Banco Central Europeu (BCE) quer perceber o que se passa com os serviços, enquanto o homólogo da Reserva Federal norte-americana, Jerome Powell, desdramatizou a persistência dos preços nos Estados Unidos.
"Um número inferior ao do mês passado é bom", disse Lagarde, no painel de governadores no Fórum anual do BCE, que arrancou esta segunda-feira em Sintra e decorre até quarta-feira. "Mas dissemos que ia ser acidentado e vai ser".
A taxa de inflação na Zona Euro terá desacelerado, em termos homólogos, para 2,5% em junho, segundo a estimativa rápida divulgada esta terça-feira pelo Eurostat. O valor estimado é uma décima inferior ao registado no mês anterior.
Entre as quatro principais componentes da inflação na Zona Euro (serviços; alimentação, bebidas alcoólicas e tabaco; bens industriais não-energéticos; e energia), os serviços tiveram a maior contribuição para a variação homóloga do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) em junho. Ainda assim, a estimativa rápida do Eurostat aponta para que o índice relativo aos serviços tenha estabilizado nos 4,1%.
Lagarde indicou que é preciso perceber se esta resistência dos serviços é causado por fatores estruturais. "Vamos continuar a olhar para isso", disse, explicando que há uma grande componente salarial na inflação dos serviços. "Não é só a Taylor Swift", respondeu, quando questionada sobre o impacto da tour da cantora nos preços da hotelaria europeia.
Por seu turno, o presidente da Fed reconheceu que o banco central conseguiu "um claro progresso em reduzir a inflação para a meta" dos 2%, mas sublinhou que a autoridade monetária "precisa de estar mais confiante de que a inflação vai recuar até ao objetivo". Assim, "precisamos de mais dados", sublinhou, acrescentando que o banco central "tem a responsabilidade de levar o seu tempo" a decidir o que fará.
Segundo os dados mais recentes, a inflação nos Estados Unidos desacelerou em maio, em termos homólogos, para 3,3%, depois de ter alcançado os 3,4% em abril. "Deixem-me também dizer-vos que estamos conscientes de que se formos demasiado rápidos, se [cortarmos os juros] demasiado cedo, podemos desfazer tudo", acrescentou Powell.
Jerome Powell desdramatizou ainda a persistência da inflação no setor dos serviços, tendo também explicado que o mercado de trabalho ainda se mantém apertado do lado da oferta.
Questionado sobre se a política monetária deve manter-se restritiva, o presidente da Fed salientou que existem riscos e que o banco central "vai abordar esta questão com cuidado", tendo explicado que existem ainda fatores que podem levar a uma subida dos preços, como o facto de a procura por mão de obra nos EUA se manter em alta, "o que se reflete nos juros e também na procura, não só na oferta".
O mercado está a antecipar que a Fed corte juros em setembro - sendo que Powell não quis antecipar uma data -, uma decisão que o BCE já tomou em junho. Sobre esta diferença de velocidades, Lagarde afirmou que a autoridade monetária da Zona Euro "tem em consideração" o que o banco central dos EUA faz, mas garantiu que toma decisões com base na economia da moeda única.
O encontro de governadores terminou com um momento de antecipação, onde foram questionados sobre como os decisores de política monetária viam as economias dos EUA e da Zona Euro daqui a um ano. O presidente da Fed apontou para que a inflação toque nos 2,6% e a inflação subjacente nos 2,2%. Já Lagarde apontou para que a evolução dos preços na Zona Euro fique ligeiramente acima da meta dos 2%, ainda que tenha reiterado que o caminho será "acidentado".
(Notícia atualizada às 15:57 horas).
"Um número inferior ao do mês passado é bom", disse Lagarde, no painel de governadores no Fórum anual do BCE, que arrancou esta segunda-feira em Sintra e decorre até quarta-feira. "Mas dissemos que ia ser acidentado e vai ser".
Entre as quatro principais componentes da inflação na Zona Euro (serviços; alimentação, bebidas alcoólicas e tabaco; bens industriais não-energéticos; e energia), os serviços tiveram a maior contribuição para a variação homóloga do índice harmonizado de preços no consumidor (IHPC) em junho. Ainda assim, a estimativa rápida do Eurostat aponta para que o índice relativo aos serviços tenha estabilizado nos 4,1%.
Lagarde indicou que é preciso perceber se esta resistência dos serviços é causado por fatores estruturais. "Vamos continuar a olhar para isso", disse, explicando que há uma grande componente salarial na inflação dos serviços. "Não é só a Taylor Swift", respondeu, quando questionada sobre o impacto da tour da cantora nos preços da hotelaria europeia.
Powell precisa de mais confiança
Por seu turno, o presidente da Fed reconheceu que o banco central conseguiu "um claro progresso em reduzir a inflação para a meta" dos 2%, mas sublinhou que a autoridade monetária "precisa de estar mais confiante de que a inflação vai recuar até ao objetivo". Assim, "precisamos de mais dados", sublinhou, acrescentando que o banco central "tem a responsabilidade de levar o seu tempo" a decidir o que fará.
Segundo os dados mais recentes, a inflação nos Estados Unidos desacelerou em maio, em termos homólogos, para 3,3%, depois de ter alcançado os 3,4% em abril. "Deixem-me também dizer-vos que estamos conscientes de que se formos demasiado rápidos, se [cortarmos os juros] demasiado cedo, podemos desfazer tudo", acrescentou Powell.
Jerome Powell desdramatizou ainda a persistência da inflação no setor dos serviços, tendo também explicado que o mercado de trabalho ainda se mantém apertado do lado da oferta.
Questionado sobre se a política monetária deve manter-se restritiva, o presidente da Fed salientou que existem riscos e que o banco central "vai abordar esta questão com cuidado", tendo explicado que existem ainda fatores que podem levar a uma subida dos preços, como o facto de a procura por mão de obra nos EUA se manter em alta, "o que se reflete nos juros e também na procura, não só na oferta".
O mercado está a antecipar que a Fed corte juros em setembro - sendo que Powell não quis antecipar uma data -, uma decisão que o BCE já tomou em junho. Sobre esta diferença de velocidades, Lagarde afirmou que a autoridade monetária da Zona Euro "tem em consideração" o que o banco central dos EUA faz, mas garantiu que toma decisões com base na economia da moeda única.
O encontro de governadores terminou com um momento de antecipação, onde foram questionados sobre como os decisores de política monetária viam as economias dos EUA e da Zona Euro daqui a um ano. O presidente da Fed apontou para que a inflação toque nos 2,6% e a inflação subjacente nos 2,2%. Já Lagarde apontou para que a evolução dos preços na Zona Euro fique ligeiramente acima da meta dos 2%, ainda que tenha reiterado que o caminho será "acidentado".
(Notícia atualizada às 15:57 horas).