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Fórum BCE: Menos biodiversidade pode significar maior custo na dívida

A perda de biodiversidade de um país pode agravar os "spreads" sobre os "credit default swaps" da dívida soberana. Além disso, um estudo apresentado durante o Fórum BCE em Sintra, alerta que os reguladores precisam de quantificar melhor os riscos ligados à biodiversidade, na concessão de crédito pelo setor financeiro.

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A falta de biodiversidade pode sair cara aos países, através do agravamento dos "spreads" dos "credit default swaps" (CDS) - uma espécie de seguro sobre obrigações em caso de incumprimento – das dívidas soberanas.

"Do ponto de vista conceptual, as más notícias sobre a perda de biodiversidade irão levar a um aumento dos ‘spreads’ dos CDS, se os participantes do mercado acreditarem que essa redução da biodiversidade terá consequências significativas para as perspetivas económicas dos países", o que "levará a maiores probabilidades de incumprimento", conclui o estudo "A Economia da perda da biodiversidade", apresentado pela professora da Stern School of Business Theresa Kuchler durante o Fórum BCE.

Assim, este movimento nos "spreads" destes instrumentos financeiros podem espelhar alguns sintomas futuros de uma economia, em concreto, "captar uma menor produtividade, bem como menos resistência a [potenciais] choques", acrescenta o estudo.

Os aumentos destes prémios de risco sobre CDS "são particularmente elevados" em países "com ecossistemas mais degradados, tal como é captado por vários indicadores independentes sobre a saúde dos ecossistemas", explicou Theresa Kuchler. Entre estas subidas dos "spreads", os "maiores aumentos" fazem-se sentir em "países onde é mais provável que o ecossistema [quando reduzido] seja um fator restritivo da produção agregada".

Esta afirmação pode ser um alerta para Portugal. No estudo, são publicados os mais recentes indicadores sobre a saúde nos ecossistemas, incluindo o índice de desempenho ambiental (EPI, na sigla em inglês). A aplicação deste indicador permite elaborar um "ranking" de 180 países, ordenados pela qualidade da saúde ambiental e vitalidade dos ecossistemas.

Nesta tabela, Portugal está entre os "países com as pontuações mais baixas", refere o estudo. No fim deste "ranking" estão também o Uruguai, Malásia e o Gana. No extremo oposto da tabela estão sobretudo Estados do Médio Oriente.

75% da exposição a crédito empresarial na Zona Euro depende da natureza
Além do mercado, o estudo tentou chegar ao setor financeiro e encontrar um modelo para quantificar as perdas ligadas à redução de sustentabilidade, já que 75% de toda a exposição ao crédito empresarial na Zona Euro "depende fortemente de pelo menos uma atividade ligada ao ecossistema", como é o caso da criação de abelhas para a extração do pólen.

Esta percentagem, citada no documento, foi conseguida pelos reguladores, que tentam quantificar este risco. 

No entanto, os académicos da Stern School of Business salientam que o "desafio destas medidas", é que neste momento "são omissas quanto ao risco real que existe para as empresas", que por si "também depende que um determinado serviço ligado ao ecossistema esteja em risco, devido a alterações consideráveis na biodiversidade, não podendo assim ser encaradas como "premissas de um futuro plausível". O estudo propõe assim a adoção de um novo modelo estatístico que quantifique este risco.
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