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Bancos centrais fazem história: Nunca mudaram de política tão rápido diz estudo
Além disso, o mais recente período de mudança de política monetária - entre 2020 e 2024 - foi marcado pelo tempo mais longo em que os juros estiveram inalterados, depois de terem subido, em 24 economias em todo o globo. A professora do do MIT, Kristin Forbes alerta que as próximas mudanças levadas a cabo pelos bancos centrais devem ser "graduais".
A política monetária dos bancos centrais das principais economias do globo está a mudar ao sabor dos tempos. O intervalo médio entre as últimas políticas expansionistas e a subida dos juros em todo o mundo, foi o mais curto de sempre, desde a crise inflacionista, desde 1970, revela o estudo "Ciclos das Taxas de Juro", apresentado durante o Fórum BCE em Sintra, esta quarta-feira.
O documento foi apresentado por uma das autoras, a professora do MIT Kristin Forbes. "Analisámos os ciclos das taxas de em 24 economias desenvolvidas entre 1970 e 2024, combinando uma nova aplicação da metodologia dos ciclos económicos com decomposições ricas em séries cronológicas dos choques que impulsionam os movimentos dos juros", explica a académica.
Nesta análise, "o ciclo das taxas de juro entre 2020 e 2024 é sem precedentes em muitas dimensões: apresenta uma mudança mais rápida entre uma fase de flexibilização [da política monetária] para uma fase de [política monetária restritiva]", salienta o estudo.
Além disso, os últimos tempos foram marcados por uma sincronização dos bancos centrais como nunca foi visto.
Paralelamente, depois da subida dos juros em várias jurisdições, incluindo nos EUA e na Zona Euro, registou-se nestas economias "um período invulgarmente longo de manutenção das taxas de juro".
O estudo especifica que depois de um ciclo de política monetária restritiva, as taxas de juro "são geralmente mantidas durante vários meses, variando de uma média de três meses no período entre 1985 e 1998 e de oito meses entre 2008 e 2019".No entanto, "no período atual", este prazo aumentou "para quase 10 meses".
Na Zona Euro, o BCE decidiu por cinco vezes consecutivas – antes de cortar os juros em junho – manter as taxas de juro inalteradas, depois de 10 aumentos, num total de 450 pontos base, para tentar domar a inflação na região, após um período de juros extremamente baixos.
Do lado de lá do oceano Atlântico, a Reserva Federal (Fed) norte-americana ainda mantém os juros inalterados, estando o mercado a apontar para o primeiro corte em setembro.
Olhando para o futuro, Kristin Forbes alerta que "a calibração das taxas de juro terá de ser gradual", tendo em conta os fatores que impulsionaram a inflação a nível global e também tendo em conta a incerteza sobre se os ciclos das taxas de juro irão ou não regressar ao cenário em que estavam antes da crise financeira de 2008.