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Risco da dívida portuguesa dispara para máximos de Fevereiro
As taxas de juro da dívida pública portuguesa estão em forte alta pela segunda sessão consecutiva, o que está a elevar o diferencial face às obrigações alemãs para 330 pontos base, um máximo desde Fevereiro.
O risco da dívida pública portuguesa está de novo em forte alta esta quinta-feira, com a taxa de juro das obrigações portuguesas a liderar o agravamento que se está a verificar em toda a periferia.
A "yield" dos títulos de dívida portuguesa a 10 anos sobe 24 pontos base para 3,42%, um máximo desde Fevereiro, mês em que os juros chegaram a tocar nos 4%. Nos restantes países periféricos da Zona Euro a tendência também é de agravamento, com os juros dos títulos a 10 anos de Espanha a aumentarem 10 pontos base para 1,61% e em Itália a avançarem 10 pontos base para 1,39%.
A Bloomberg relaciona este aumento de juros na periferia com as notícias da banca italiana, que dão conta que o Governo quer criar um fundo estatal de três mil milhões para aumentar a liquidez no sector e ajudar a resolver o problema do crédito malparado.
Ao contrário do que se verifica nos países da periferia, na Alemanha as taxas estão em queda. O juro das "bunds" a dez anos desce 3 pontos base para 0,09%.
A subida recente dos juros da dívida portuguesa a 10 anos elevou o diferencial face à taxa dos títulos alemães com a mesma maturidade para 330 pontos base. O spread, que mede o risco das obrigações portuguesas, atingiu o nível mais elevado desde 15 de Fevereiro e nesta semana já deu um salto de mais de 50 pontos base.
O agravamento das taxas portuguesas ocorre na semana em que o Estado voltou ao mercado para colocar 1,5 mil milhões de euros em obrigações com maturidade em Outubro de 2022 e em Fevereiro de 2045.
A operação sindicada, que ficou fechada na quarta-feira, teve uma participação elevada de investidores portugueses, que absorveram 26,7% da emissão. E ficou aquém do esperado por alguns analistas. "Estava à espera de um montante superior", referiu David Schnautz. O estratego do Commerzbank considera que "a oferta e a história em torno [do processo ao Banco de Portugal por causa] do Novo Banco ainda estarão a pesar".
O FMI estima que o Banco Central Europeu só vai comprar dívida portuguesa até ao final deste ano, o que ajudará explicar também o agravamento das "yields".