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Risco da dívida portuguesa recua para mínimo de Agosto

A "yield" das obrigações a 10 anos recua quatro pontos base para 3,42%, o nível mais reduzido desde Novembro e já distante dos máximos acima dos 4% fixados há poucas semanas.

Bruno Simão/Negócios
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As probabilidades mais reduzidas de Marine le Pen vencer as presidenciais em França, as preocupações mais reduzidas com a política monetária do Banco Central Europeu e a evolução positiva dos indicadores da economia portuguesa são alguns dos factores que justificam a continua descida da percepção de risco da dívida portuguesa.

 

Os juros das obrigações do Tesouro a 10 anos estão esta quinta-feira em mínimos de Novembro e o "spread" face aos títulos da Alemanha com a mesma maturidade está abaixo dos 300 pontos base pela primeira vez desde meados de Agosto do ano passado.

 

Como assinala o Financial Times na edição de hoje, os investidores estão mais optimistas com a dívida portuguesa, o que se está a reflectir nas cotações dos títulos.

 

A "yield" das obrigações a 10 anos recua 4 pontos base para 3,42%, o nível mais reduzido desde Novembro e já distante dos máximos acima dos 4% fixados há poucas semanas.

 

Na Alemanha os títulos com a mesma maturidade negoceiam com uma "yield" de 0,39%, um aumento de 6 pontos base face à véspera.

 

De acordo com a Bloomberg, o diferencial entre os títulos de Portugal e da Alemanha está esta quinta-feira nos 299 pontos, o que já não acontecia desde meados de Agosto. Este "spread" mede o risco da dívida portuguesa pois indica o prémio adicional que os investidores exigem para compara dívida portuguesa em detrimento da alemã, considerada a mais segura da Europa.

O risco da dívida portuguesa superou os 380 pontos base e no último mês recuou mais de 60 pontos base.

 

"Os principais riscos ficaram para trás", afirmou ao Financial Times Fanny Jacquemont, gestora da CPR Asset Management, que decidiu investir em dívida portuguesa em Fevereiro, quando o prémio de risco dos juros portugueses atingiu máximos de um ano face à dívida alemã. A responsável salienta que "a dinâmica macroeconómica está a melhorar, o Governo está muito empenhado em reduzir o défice, o sistema bancário está a ser resolvido."  

 

A publicação britânica enumera os últimos indicadores conhecidos, com o défice orçamental a ser o mais baixo da democracia, a economia a crescer há 13 trimestres consecutivos e o desemprego em mínimos de 2009.

 

A política monetária do BCE também tem contribuído para o alívio dos juros da dívida portuguesa, já que revelaram-se infundados os receios de uma retirada rápida dos estímulos.

 

Ainda esta quinta-feira Peter Praet, membro da comissão executiva do BCE, afirmou que qualquer alteração na política monetária na Zona Euro terá que ser gradual. "Depois de um período prolongado de uma excepcional política monetária acomodatícia, qualquer alteração na nossa política deve ser gradual", afirmou Praet em Bruxelas, de acordo com a Bloomberg.

 

Desta forma, não será para breve a alteração do programa de compra de activos do BCE, do qual Portugal é dos países mais beneficiado.

 

A gestora da CPR, Jacquemont, diz estar a monitorizar o BCE de perto, realçando que deverá continuar a deter dívida portuguesa "enquanto o BCE permanecer cauteloso". "Este é o principal factor que vai determinar quando é que se vende a posição – quando virmos que o BCE está a aproximar-se de um aperto".

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