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FT: Investidores estão optimistas com dívida de Portugal

Os investidores estão optimistas em relação ao retorno que conseguirão dos investimentos que têm em obrigações portuguesas, revela o Financial Times.

Negócios 04 de Maio de 2017 às 10:13
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"Os principais riscos ficaram para trás", afirmou Fanny Jacquemont, gestora da CPR Asset Management, que decidiu investir em dívida portuguesa em Fevereiro, quando o prémio de risco dos juros portugueses atingiu máximos de um ano face à dívida alemã. A responsável salienta que "a dinâmica macroeconómica está a melhorar, o Governo está muito empenhado em reduzir o défice, o sistema bancário está a ser resolvido."

 

Mas esta gestora não é a única a olhar para a dívida portuguesa com optimismo. Philip Brown, do Citi, realça que a dívida portuguesa é a única na Zona Euro a registar retorno. Há "um potencial de subida enorme" no retorno conseguido ao se investir em obrigações de Portugal. "Poderemos ver, facilmente, uma redução de mais 100 pontos base do ‘spread’ sem aumentar as avaliações".

 

As taxas de juro implícitas na dívida portuguesa têm vindo a aliviar das subidas registadas no final de 2015, quando o PS fez um acordo político com o PCP e o Bloco de Esquerda e assumiu a liderança do país. Nessa altura os receios dos investidores em relação às políticas que seriam postas em práticas e à estabilidade política eram elevadas. Mas, realça o FT, "essas preocupações foram amplamente infundadas: António Costa, primeiro-ministro, mostro um compromisso com os objectivos orçamentais acordados com os credores internacionais, ao mesmo tempo que os indicadores económicos sugerem que as perspectivas se tornaram mais risonhas desde o início de 2017".

 

A publicação britânica enumera os últimos indicadores conhecidos, com o défice orçamental a ser o mais baixo da democracia, a economia a crescer há 13 trimestres consecutivos e o desemprego em mínimos de 2009.

 

Do lado dos riscos, os especialistas destacam o sector bancário, com receios de que possam ser necessárias mais intervenções e Itália, que poderá trazer instabilidade política à Europa, numa altura em que se prevê que decorram eleições e é incerto o desfecho destas. Este contexto faz com que John Stopford, da Investec Asset Management, diga que "não está confortável com uma exposição significativa" a Portugal.

 

Já no que toca ao Banco Central Europeu (BCE) e à retirada de estímulos, as expectativas dos especialistas são diferentes no que respeita ao seu impacto. Richard Gustard, do JPMorgan, antecipa que Portugal "sofra menos do que outros países periféricos" de uma retirada de estímulos por parte do BCE. "Portugal é singular por estar isolado de qualquer potencial" retirada de estímulos, "pelo que se torna um activo atractivo", defende. Já Stopford considera que a redução da compra de dívida poderá afectar a dívida portuguesa.

 

A gestora da CPR, Jacquemont, diz estar a monitorizar o BCE de perto, realçando que deverá continuar a deter dívida portuguesa "enquanto o BCE permanecer cauteloso". "Este é o principal factor que vai determinar quando é que se vende a posição – quando virmos que o BCE está a aproximar-se de um aperto".

A taxa de juro implícita da obrigações portuguesas a 10 anos está hoje nos 3,43%, em mínimos desde Novembro do ano passado.

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