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Portugal paga juros mais altos para emitir dívida a 10 anos
O IGCP emitiu mil milhões de euros em títulos de dívida a 10 e 5 anos. Os custos de financiamento aumentaram na emissão de obrigações com maturidade mais longa e baixaram nos títulos com prazo mais curto.
No regresso ao mercado de dívida depois da pausa de Verão, o IGCP emitiu mil milhões de euros em títulos de dívida a 10 e 5 anos, tendo suportado um custo de financiamento mais elevado para colocar as obrigações de maturidade mais longa.
O instituto que gere a dívida do Estado colocou 672 milhões de euros em obrigações do Tesouro com maturidade em 17 de Outubro de 2028 (10 anos), com uma "yield" de 1,854%. Em Julho tinha emitido títulos desta linha com uma taxa de juro de 1,727%, que era a segunda mais baixa de sempre na emissão de títulos a 10 anos.
Apesar da taxa ligeiramente mais alta, a procura foi mais forte, tendo ascendido a 2,32 vezes a oferta, o que compara com o rácio de 2,02 vezes registado na emissão de Julho.
A taxa da emissão de hoje é a quarta mais baixa de sempre. A mais baixa foi fixada em Maio, quando o IGCP suportou um juro de 1,67% para emitir 483 milhões de euros em obrigações do Tesouro a 10 anos.
Juros descem na emissão a cinco anos
Na emissão de títulos com maturidade em 25 de Outubro de 2023 (cinco anos), o IGCP colocou 328 milhões de euros. A "yield" ficou em 0,647%, o que compara com a taxa de 0,746% suportada na última emissão comparável, realizada em Junho. A procura também foi forte, ascendendo a 3,76 vezes a oferta (2,7 vezes na emissão de Junho).
A última emissão de dívida a cinco anos aconteceu a 13 de Junho, quando o tesouro colocou 412 milhões de euros e pagou uma taxa de 0,746%, substancialmente acima da "yield" suportada na emissão comparável realizada em Maio (0,529%).
As taxas que o IGCP aceitou pagar no duplo leilão estão em linha com as praticadas no mercado secundário (1,88% a 10 anos e 0,68% a cinco anos). Os juros da dívida portuguesa têm subido nos últimos meses, devido sobretudo aos receios com as políticas do novo governo italiano. Ainda assim, as taxas estão substancialmente abaixo do registado em Junho, quando os investidores mostravam um maior nervosismo com a possibilidade de Roma não cumprir as regras orçamentais definidas por Bruxelas.
"As taxas saíram em linha com o que se esperava", refere Filipe Silva, Director da Gestão de Activos do Banco Carregosa. "O bom desempenho da economia portuguesa tem impedido que o prémio de risco suba mas a principal conclusão destas emissões é que Portugal está a conseguir emitir dívida longa a taxas cada vez afastadas dos 2%, o que é muito benéfico para a redução do custo médio de toda a dívida", acrescentou.
Filipe Silva destaca também um "aumento significativo na procura dos investidores, sobretudo na emissão como prazo mais curto, a que não será alheio o facto de apenas a Itália e a Grécia pagarem mais que Portugal para obter financiamento".
(Notícia actualizada às 11:33 com gráfico. Lead corrigido)