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Portugal paga juro acima de 3% para emitir 1.250 milhões em dívida de curto prazo
A República Portuguesa arrecadou 1.250 milhões de euros esta quarta-feira num leilão de bilhetes do Tesouro (BT), com maturidades a seis e 12 meses. Os juros ascenderam a 3,284% e 3,533%, respetivamente.
A Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) angariou esta quarta-feira 1.250 milhões de euros no seu terceiro leilão do ano de bilhetes do Tesouro (BT) em duas linhas, a seis e 12 meses, com as taxas de juro a superarem os 3%, depois de no último leilão comparável terem estado perto deste patamar.
Tanto o montante arrecadado como o juro pago foram superiores aos das últimas emissões de março e fevereiro.
No anúncio desta operação, no final da semana passada o IGCP apontou para um montante indicativo entre 1.000 e 1.250 milhões de euros em duas linhas de dívida a curto prazo. A mais curta tem a sua maturidade em 19 de janeiro de 2024 (6 meses), enquanto a mais longa vai vencer a 19 de julho de 2024 (12 meses).
A agência que gere a dividida pública nacional colocou 900 milhões de euros a 12 meses, com uma "yield" de 3,533%. No último leilão comparável, em março, o juro pedido pelos investidores foi de 2,975%.
Também na maturidade mais curta, o custo agravou-se. O Tesouro captou 350 milhões de euros na linha a seis meses com uma taxa de 3,284%. Na última colocação desta maturidade, também em março, a "yield" paga pelos investidores fixou-se em 2,893%.
Ao contrários dos dois últimos leilões de BT, em que houve um reforço da procura pela dívida nacional a 12 meses apesar do agravamento das "yields", nesta emissão o "bid to cover" na maturidade mais longa ficou abaixo dos dois últimos leilões.
As subidas da taxas de juro por parte dos bancos centrais levou a "uma maior pressão na dívida nas taxas de curto prazo e são a razão para termos uma curva de taxas de juro invertida, onde o curto prazo tem taxas mais elevadas do que o longo prazo", começa por explicar Filipe Silva, diretor de investimentos do Banco Carregosa.
Ainda assim, "apesar de Portugal ver o seu prémio de risco subir", o país "tem beneficiado do bom desempenho da economia e conseguido baixar o nível de endividamento, pelo que o aumento que temos vindo a assistir ainda não constitui um problema para as finanças nacionais", salvaguarda Filipe Silva.
A procura por dívida portuguesa a 12 meses superou a oferta em 1,54 vezes (no último leilão tinha sido 3,06 vezes). Já na maturidade mais curta, o "bid to cover" fixou-se 2,84 vezes, acima das 2,66 vezes em janeiro.
(Notícia atualizada às 11:21 horas com o comentário do diretor de investimentos do Banco Carregosa, Filipe Silva).