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O dia em que Moody's, Fitch e S&P podem igualar notação de Portugal

28 meses depois, esta sexta-feira poderá ser o dia em que as três principais agências de notação financeira atribuem a mesma classificação à dívida de Portugal. Se a Moody’s fizer o esperado “upgrade” de um nível, a dívida soberana fica dois graus acima de “lixo”.

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Dois anos e quatro meses depois, as três principais agências de notação financeira podem voltar a ter todas o mesmo "rating" para Portugal.

Basta que a Moody’s decida esta sexta-feira, 17 de janeiro, elevar em um nível a classificação da República, tal como se espera que aconteça.

Se for o caso, a dívida portuguesa de longo prazo ficará dois níveis acima de "lixo" na escala da Moody’s, Fitch e Standard & Poor’s (S&P).

Em agosto passado, a última vez que a Moody’s se pronunciou sobre Portugal, elevou o "outlook" (perspetiva para a evolução da qualidade do crédito) de "estável" para "positivo" e preferiu esperar pelas eleições de outubro para ver que rumo político é que o país seguiria e assegurar-se de que o novo Governo manteria a trajetória de descida da dívida pública. Confirmados esses cenários, os analistas consultados pelo Negócios são unânimes: haverá um "upgrade".

A execução fiscal superior ao que se estava à espera e as condições de financiamento são fatores que sustentam uma subida do "rating" pela Moody’s, na opinião de Filipe Silva, diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa. "Relativamente à conjuntura portuguesa, tem sido boa – tanto a macro como a fiscal. Risco político também não há. Estão por isso reunidas todas as condições para essa subida, pois a última revisão (em agosto de 2019) já foi com ‘outlook’ positivo", acrescentou, considerando que não será, pois, "nenhuma surpresa se subir o rating".

"Está tudo a nosso favor para que o ‘outlook’ positivo se traduza numa melhoria do ‘rating’. Não vejo nada que seja entrave para o fazerem", sublinhou o estratega do Banco Carregosa.

O mesmo pensa Filipe Garcia, economista da IMF - Informação de Mercados Financeiros. "É provável que a Moody’s suba o ‘rating’ em um nível, para Baa2, posicionando-se em nível equivalente à S&P e Fitch". "Tendo as eleições ficado para trás, com o primeiro Orçamento do Estado da legislatura aprovado na generalidade e apontando ao equilíbrio e com um ambiente económico e monetário benigno, parece-me haver condições para uma subida de ‘rating’ esta semana".

Estou otimista e à espera de um ‘upgrade’. Jens Peter Sørensen
Analista-chefe do departamento de mercados do Danske Bank

Para Filipe Silva, "só se vissem algum risco – que nós não vemos – é que poderia ficar tudo igual". O diretor de gestão de ativos do Banco Carregosa crê que os analistas da Moody’s poderão decidir elevar o "rating" e não se pronunciar sobre o "outlook", "justificando apenas porque é que melhoraram a notação".

Jens Peter Sørensen, analista-chefe do departamento de mercados do Danske Bank, partilha da mesma opinião: "Estou otimista e à espera de um ‘upgrade’". E isto porque "o ‘novo’ Governo tem prosseguido o processo de reformas e continua a reduzir a dívida pública, que são algumas das condições necessárias para uma melhoria do ‘rating’".

Também os analistas do Citi, citados pela Bloomberg, estão convictos de que a notação de Portugal vai subir.

Trajetória do "rating"

A primeira agência a colocar Portugal no "lixo" (categoria de investimento especulativo) foi a Moody’s em julho de 2011 – a seguir ao pedido de assistência financeira. Entre "downgrades" e mexidas no "outlook", só a 18 de setembro de 2015, quando a S&P subiu para BB+, é que ficaram as três agências com igual classificação para a dívida portuguesa – todas elas a apenas um "notch" de colocar Portugal na categoria de investimento de qualidade.

A situação manteve-se durante dois anos, até 15 de setembro de 2017, dia em que a S&P tirou Portugal do lixo, colocando o país no último nível de "investment grade". Três meses depois era a vez de a Fitch fazer o mesmo e logo para dois níveis acima de "junk". A Moody’s decidiu esperar mais tempo e só em outubro de 2018 decidiu colocar a República Portuguesa no patamar de investimento de qualidade.

Em março de 2019 a S&P colocou a dívida portuguesa no mesmo nível que a Fitch, ficando a faltar a Moody’s. Se o fizer agora, as três principais agências voltam, dois anos e quatro meses depois, a ter todas a mesma classificação para Portugal. Acima só a canadiana DBRS, com mais um nível, numa decisão tomada a 4 de outubro passado.

Moody’s pode subir hoje "rating" de Portugal

Se a Moody’s, tal como se espera, elevar esta sexta-feira a notação da República Portuguesa, as três principais agências passarão a ter todas a dívida soberana do país com a mesma classificação, neste caso no penúltimo grau da categoria de investimento de qualidade. A última vez em que tinham estado todas de acordo quanto à classificação a dar a Portugal (neste caso, primeiro nível de "lixo") tinha sido em setembro de 2015 - e essa opinião manteve-se durante dois anos. Em outubro passado, a canadiana DBRS colocou Portugal três níveis acima de "lixo", sendo pois, atualmente, a que dá melhor nota à qualidade da dívida do país.

 


Quando vai haver mais análises este ano?

Moody’s é a primeira agência a pronunciar-se sobre Portugal
Baa3 com "outlook" positivo;
• 17 de janeiro
• 17 de julho

S&P deverá ser a segunda analisar Portugal
BBB com outlook positivo;
• 13 de março
• 11 de setembro

DBRS é a agência com melhor "rating" para Portugal
BBB Alto com "outlook" estável;
• 20 de março
• 18 de setembro

Fitch é a última agência a pronunciar-se sobre Portugal
BBB com "outlook" positivo;
• 22 de maio
• 20 de novembro

 

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