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Moody’s ameaça cortar rating da Caixa

A agência de notação financeira colocou a classificação da dívida de longo prazo da CGD sob revisão para um possível "downgrade".

Cátia Barbosa/Negócios
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A Moody’s advertiu esta segunda-feira, 6 de Junho, que poderá descer o rating da Caixa Geral de Depósitos, actualmente em B1, que é o quarto nível do chamado "lixo" – já que recai na categoria de investimento especulativo. Isto porque colocou a sua dívida de longo prazo sob revisão para possível "downgrade".

Esta revisão da avaliação da CGD por parte da Moody’s, com possibilidade de corte, reflecte os riscos negativos para o rating que poderão revelar-se quando a agência tiver incorporado a estrutura do balanço do banco no final de Dezembro de 2015 e o seu plano de financiamento para o curto prazo, sublinha a agência no relatório hoje divulgado.

 

A Moody’s diz que espera concluir esta avaliação do rating da CGD quando tiver mais informações sobre a viabilidade e a dimensão da injecção de capital público e sobre a abrangência das medidas de reestruturação aprovadas no âmbito do suporte de capital dado ao banco – e perspectiva que essa clarificação adicional deverá estar definida antes do final de 2016.

Já quanto ao perfil de crédito individual [Baseline Credit Assessment], a Moody's colocou-o também sob revisão, sem direcção certa, reflectindo a incerteza da agência relativamente à solidez financeira intrínseca do banco, já que este revela substanciais riscos negativos devido à sua capacidade "muito fraca" de absorção de riscos e devido às suas débeis margens de capital face aos requisitos prudenciais estabelecidos pelo Banco Central Europeu e pelo Banco de Portugal, salienta a agência.

 

No entanto, acrescenta a Moody’s, esta revisão da avaliação reflecte também a perspectiva, por parte da agência de rating, de que o perfil de crédito da CGD poderá melhorar se receber uma injecção de capital por parte do governo português.

 

A agência refere-se, com isto, à possibilidade de a Caixa receber uma injecção de capital público, tendo a Comissão Europeia já dado sinais de que poderá aprovar a operação. Com efeito, esta segunda-feira a comissária europeia para a Concorrência, Margrethe Vestager, admitiu, em entrevista à TSF, dar luz verde à possibilidade de o Estado português utilizar dinheiro público para a recapitalização da Caixa Geral de Depósitos. No entanto, disse que a operação terá de ser realizada à semelhança de um investidor privado.

 

"Por uma questão de princípio, um Estado pode investir. Não tem de constituir necessariamente uma ajuda de Estado", afirmou a comissária, acrescentando que "se o Estado investir como um investidor privado o faria, isso é excelente para nós e, claro, não é tido como uma ajuda de Estado".

 

Estas declarações vão ao encontro do que o Negócios tinha avançado em Maio. A CGD tem de voltar a dar lucros para que o aumento de capital, que está a ser preparado pelo Governo, dispense a autorização de Bruxelas. É que as regras europeias permitem que o Estado injecte dinheiro no banco, desde que de acordo com o "comportamento normal de mercado". Isto é, em condições que poderiam ser aceites por um investidor privado e na expectativa de que seja possível rentabilizar o capital investido.

 

(notícia actualizada às 18:18)

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