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Moody's receia subida dos salários e queda do investimento. Vê PIB a crescer menos

Apesar de ter elevado a dívida portuguesa para um grau de investimento de qualidade, a Moody's identifica algumas pressões relacionadas com as eleições que se aproximam. E prevê que a economia cresça menos do que o Governo diz.

12 de Outubro de 2018 às 21:36
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A Moody's considera que Portugal está melhorar e, por isso, subiu o rating para um grau de investimento de qualidade. Mas há pressões nos gastos públicos que podem comprometer o futuro, principalmente porque as eleições estão à porta. Além disso, a economia deverá desacelerar mais do que o Governo prevê: a agência vê o PIB a crescer 1,9% em 2018 e 2019, o que contrasta com as metas de 2,3% e 2,2%, respectivamente, do Executivo. 

No comunicado em que anuncia que retirou Portugal do chamado lixo, a agência de rating alerta que poderão existir contratempos na redução da dívida pública: a "pressão" dos aumentos salariais na função pública e a recuperação dos cortes no investimento público, que atingiu um mínimo de 1995 na actual legislatura. Estes são temas do Orçamento do Estado para 2019 que será apresentado na próxima segunda-feira, dia 15 de Outubro.

Em cima da mesa estão, além do descongelamento das carreiras e da recuperação parcial do tempo perdido, os aumentos na função pública em valor absoluto. No caso do investimento público, o Governo tem-se comprometido com reforços significativos nos Orçamentos anteriores e os parceiros à esquerda têm exigido uma melhoria dos serviços públicos, principalmente na saúde, educação e transportes públicos. 

Estes factores levam a Moody's a prever que o excedente primário (saldo orçamental excluindo os encargos com a dívida) não vá subir muito mais. E, como consequência, a descida do rácio da dívida pública não deverá acelerar no futuro. 

Quanto à evolução da economia, a agência de rating remete a evolução para os factores externos. "As condições externas favoráveis poderão suportar o crescimento além das previsões [1,9%]", admite. Mas avisa que "uma moderação eventual nas perspectivas de crescimento reflecte os constrangimentos estruturais da economia". 

Com a ajuda dos excedentes orçamentais e do crescimento da economia, a Moody's espera que o rácio da dívida pública desça para os 116% em 2021, "quatro pontos percentuais abaixo do que esperava há um ano quando mudou o outlook de estável para positivo". 

Mas a agência tem uma certeza: apesar das melhorias, o Estado português "
vai continuar muito endividado, relativamente aos pares regionais e globais, ainda durante muito anos".

Moody's teme resultado das eleições

No comunicado da decisão sobre Portugal, a agência de rating menciona mais do que uma vez as eleições do próximo ano como um potencial risco na trajectória do país. 

Se do resultado das eleições legislativas do próximo ano não surgir um "apoio político" para continuar a implementação de "políticas orçamentais prudentes", esse será um dos factores que poderá levar a Moody's a arrepender-se da decisão que toma esta sexta-feira.

Se isso levar a que economia não aumente o seu potencial e a desequilíbrios nas finanças públicas - através do agravamento do défice orçamental e do aumento da dívida pública -, esses são mais dois pontos fracos que deixam a agência de rating de pé atrás. 
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