Notícia
Investidores já exigem juros mais baixos a Portugal do que ao Reino Unido
Nos últimos meses, os juros portugueses têm atingido mínimos históricos consecutivamente. Agora é alcançado mais um marco: a "yield" a dez anos está abaixo da do Reino Unido.
No mercado secundário, os investidores já pedem juros mais baixos para comprar dívida portuguesa a dez anos do que por dívida britânica no mesmo prazo. É a primeira vez que tal acontece desde 2015, altura em que o Banco Central Europeu (BCE) anunciou o programa de compra de dívida pública dos Estados-membros da Zona Euro.
Recuemos duas décadas. Durante os primeiros anos do século XXI e até à crise financeira de 2008, os investidores exigiam a Portugal um juro a dez anos inferior ao do Reino Unido para o mesmo prazo. A dívida portuguesa beneficiava assim dos baixos custos de financiamento que sucederam à criação da Zona Euro, da qual os britânicos ficaram fora. A diferença andava à volta de 100 pontos base, o que corresponde a 1%.
No entanto, com o início da crise das dívidas soberanas na Europa, o "spread" (a diferença) entre os juros portugueses e os juros britânicos a dez anos alargou-se de forma expressiva, segundo os dados disponibilizados pela Bloomberg. A perceção de risco da dívida pública portuguesa disparou no mercado secundário até ao pedido de resgate financeiro em abril de 2011. Em janeiro de 2012, a diferença atingiu o pico de 1.383 pontos base (13,8%).
Só cerca de quatro anos depois, em 2015, um ano após a "saída limpa" do programa de ajustamento da troika, é que os juros portugueses voltam a negociar perto dos níveis pré-crise. Contudo, tal não esteve tão relacionado com Portugal, que ainda estava sob o procedimento por défices excessivos e com o rating na categoria de investimento especulativo nas três principais agências de notação financeira.
Foram as palavras de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, a fazer a diferença. Em janeiro de 2015, Draghi anunciou a chegada do "quantative easing". Em termos simples, o BCE passou a comprar dívida dos Estados-membros da moeda única no mercado secundário, aumentando a procura (e baixando os juros) face a estes ativos. O objetivo do banco central era "criar" inflação na Zona Euro de forma a cumprir o seu objetivo de uma taxa próxima dos 2%.
Diferença entre o juro a dez anos da dívida portuguesa e o juro a dez anos da dívida britânica no mercado secundário, de acordo com os dados da Bloomberg. Neste caso, um valor positivo (negativo) significa que o juro exigido a Portugal era superior (inferior) ao exigido ao Reino Unido.
Foi isso que levou a que em março de 2015, por um período breve, os juros portugueses a dez anos (que marcavam nessa altura os 1,5%) estivessem em níveis inferiores aos juros britânicos no mesmo prazo, tendo a diferença chegado a 22 pontos base (0,2%).
Apesar desse programa ter acabado em dezembro de 2018, o BCE continua a reinvestir o montante de dívida que comprou, ou seja, o seu efeito no mercado mantém-se, apesar de não aumentar. Esse impacto positivo tem sido conjugado com a melhoria do rating da República portuguesa transversal a todas as agências de notação financeira, o pagamento antecipado da dívida ao FMI (que dá confiança a quem empresta), o possível pagamento antecipado aos credores europeus e o refúgio dos investidores, a nível internacional, nas obrigações soberanas face à volatilidade dos mercados bolsistas.
Esse conjunto de fatores levou a que este ano os juros portugueses a dez anos tenham - constantemente - atingido mínimos históricos. Na passada quinta-feira fecharam, pela primeira vez, abaixo dos 1,1%. Já os juros britânicos a dez anos - que atingiram um mínimo histórico de 0,5% em 2016 depois de os britânicos terem dito "sim" ao Brexit - negoceiam atualmente acima de 1,1%.
Nas últimas sessões, a "yield" portuguesa já chegou a estar 11 pontos base abaixo da britânica. Esta quinta-feira, 9 de maio, a diferença é de 4,5 pontos base.
Recuemos duas décadas. Durante os primeiros anos do século XXI e até à crise financeira de 2008, os investidores exigiam a Portugal um juro a dez anos inferior ao do Reino Unido para o mesmo prazo. A dívida portuguesa beneficiava assim dos baixos custos de financiamento que sucederam à criação da Zona Euro, da qual os britânicos ficaram fora. A diferença andava à volta de 100 pontos base, o que corresponde a 1%.
Só cerca de quatro anos depois, em 2015, um ano após a "saída limpa" do programa de ajustamento da troika, é que os juros portugueses voltam a negociar perto dos níveis pré-crise. Contudo, tal não esteve tão relacionado com Portugal, que ainda estava sob o procedimento por défices excessivos e com o rating na categoria de investimento especulativo nas três principais agências de notação financeira.
Foram as palavras de Mario Draghi, presidente do Banco Central Europeu, a fazer a diferença. Em janeiro de 2015, Draghi anunciou a chegada do "quantative easing". Em termos simples, o BCE passou a comprar dívida dos Estados-membros da moeda única no mercado secundário, aumentando a procura (e baixando os juros) face a estes ativos. O objetivo do banco central era "criar" inflação na Zona Euro de forma a cumprir o seu objetivo de uma taxa próxima dos 2%.
Diferença entre o juro a dez anos da dívida portuguesa e o juro a dez anos da dívida britânica no mercado secundário, de acordo com os dados da Bloomberg. Neste caso, um valor positivo (negativo) significa que o juro exigido a Portugal era superior (inferior) ao exigido ao Reino Unido.
Foi isso que levou a que em março de 2015, por um período breve, os juros portugueses a dez anos (que marcavam nessa altura os 1,5%) estivessem em níveis inferiores aos juros britânicos no mesmo prazo, tendo a diferença chegado a 22 pontos base (0,2%).
Apesar desse programa ter acabado em dezembro de 2018, o BCE continua a reinvestir o montante de dívida que comprou, ou seja, o seu efeito no mercado mantém-se, apesar de não aumentar. Esse impacto positivo tem sido conjugado com a melhoria do rating da República portuguesa transversal a todas as agências de notação financeira, o pagamento antecipado da dívida ao FMI (que dá confiança a quem empresta), o possível pagamento antecipado aos credores europeus e o refúgio dos investidores, a nível internacional, nas obrigações soberanas face à volatilidade dos mercados bolsistas.
Esse conjunto de fatores levou a que este ano os juros portugueses a dez anos tenham - constantemente - atingido mínimos históricos. Na passada quinta-feira fecharam, pela primeira vez, abaixo dos 1,1%. Já os juros britânicos a dez anos - que atingiram um mínimo histórico de 0,5% em 2016 depois de os britânicos terem dito "sim" ao Brexit - negoceiam atualmente acima de 1,1%.
Nas últimas sessões, a "yield" portuguesa já chegou a estar 11 pontos base abaixo da britânica. Esta quinta-feira, 9 de maio, a diferença é de 4,5 pontos base.