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Economistas antecipam mais descidas no "spread" da dívida portuguesa
Uma sondagem efectuada pela Bloomberg a 13 economistas aponta para uma descida do diferencial entre a taxa de juro de Portugal e da Alemanha para 120 pontos base até Agosto, devido sobretudo ao programa de expansão monetária do BCE.
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Portugal tem sido o país que mais tem beneficiado com o programa de expansão monetária através da compra de dívida efectuado pelo Banco Central Europeu, mas o efeito nos juros da dívida pública portuguesa deverá continuar a fazer-se sentir.
É esta a conclusão de uma sondagem efectuada pela agência Bloomberg junto de 13 economistas. A média das estimativas aponta para que em Agosto o "spread" da dívida pública portuguesa a 10 anos se situe em 120 pontos base (1,2 pontos percentuais).
Actualmente o diferencial entre a "yield" das obrigações do Tesouro (OT) e os títulos de dívida pública alemã a 10 anos (que mede o prémio de risco que os investidores exigem para comprar OT em detrimento de bunds) está nos 147 pontos base. A Bloomberg nota que desde que o BCE anunciou o programa de compra de dívida pública o "spread" de Portugal recuou 80 pontos base, na queda mais forte entre todos os países do euro.
A "yield" dos títulos de dívida a 10 anos está esta segunda-feira a agravar-se em 5 pontos base para 1,68%, acima do mínimo histórico fixado a 12 de Março nos 1,509%. Em 2012 atingiu um máximo histórico acima dos 18%, altura em que o "spread" se situava acima dos 16 pontos percentuais.
Entre os 13 economistas contactados pela Bloomberg para realizar esta sondagem, o mais optimista com Portugal é Anthony Baert, do ING, que perspectiva uma descida do "spread" para entre 75 e 100 pontos base. No topo oposto está o Natixis, que vê o "spread" a agravar-se até 200 pontos base (2 pontos percentuais).
Baert justifica a sua estimativa com o programa de compra de dívida do BCE e com a tranquilidade dos investidores perante os resultados das eleições legislativas previstas para este Outono. "O Partido Socialista, que deverá ganhar as eleições, parece comprometido na consolidação das contas públicas", diz à Bloomberg o economista do banco holandês.
O artigo da Bloomberg mostra que ao contrário do que está a acontecer noutros países, como Grécia e Espanha, em Portugal os partidos do arco da governação mantêm-se entre os preferidos dos portugueses, obtendo mais de 60% dos votos nas sondagens.
Entre os economistas inquiridos pela Bloomberg, há dois portugueses. Teresa Pinheiro do BPI antecipa um "spread" de 150 pontos base e Rui Serra do Montepio vê o diferencial entre as "yields" de Portugal e Alemanha a descer para 100 pontos base. "Não há o risco de um partido anti-troika ganhar as eleições" legislativas em Portugal, comentou Rui Serra à Bloomberg.