O montante de obrigações soberanas a transaccionar no mercado secundário com juros negativos não pára de aumentar. Em Maio, o valor destes títulos com juros abaixo de zero subiu 5% para 10,4 biliões de dólares, segundo um levantamento feito pela Fitch. Foram mais 500 mil milhões de dólares de títulos que passaram a ser negociados com uma taxa abaixo de zero.

O Japão continua a ser a maior fonte de juros negativos no mundo. "Não houve grandes mudanças na distribuição da dívida entre os 14 países com "yields" negativas, com o Japão a continuar a ser, de longe, a maior fonte", referem os analistas da agência. A contribuir para o aumento mensal de dívida abaixo de zero estiveram, além dos títulos japoneses, também as obrigações italianas. "As taxas em alguns títulos italianos com maturidades de entre ano e meio e três passaram de positivas a negativas".

A Fitch explica o montante cada vez maior de obrigações a negociar abaixo de zero com "as medidas de política monetária não-convencional e a fuga para a segurança nos mercados financeiros globais". Entidades como o BCE e o Banco do Japão, têm em curso políticas de taxas de juro negativas, de forma a tentarem espicaçar o crescimento e a inflação.

"O BCE e o Banco do Japão, e outros bancos centrais na Europa, adoptaram uma política de taxas de juro negativas como uma ferramenta-chave de política monetária", constatam os analistas do JP Morgan Asset Management. Em muitos casos, os juros negativos são complementados com outras medidas não-convencionais, como programas de compra de activos.

O fenómeno dos juros negativos está também a chegar às obrigações empresariais. Após Mario Draghi ter anunciado que o BCE começaria a comprar obrigações corporativas, as taxas caíram, com cerca de 13% dos títulos de empresas com "ratings" em grau de investimento a transaccionarem com juros negativos.