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DBRS ameaça colocar “rating” da Caixa em "lixo"

A agência canadiana colocou o “rating” da CGD sob vigilância com implicações negativas, o que sinaliza a probabilidade de cortar a notação do banco público.

David Martins/Correio da Manhã
29 de Novembro de 2016 às 17:56
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Os problemas de governo da sociedade após a demissão da maioria dos administradores, os maiores riscos decorrentes do plano de recapitalização e a dificuldade em melhorar a rentabilidade e a qualidade dos activos levaram a DBRS a colocar o "rating" da Caixa sob revisão com implicações negativas.

 

A DBRS avalia actualmente o banco público em BBB (baixo), um nível acima da categoria vista como "lixo" pelos mercados. Caso este período de avaliação, que pode durar até três meses, resulte numa descida a dívida da Caixa Geral de Depósitos passa a nível especulativo. A agência canadiana, a única das maiores que avalia Portugal e também o banco público em grau de investimento, referiu que estará particularmente atenta a "como a demissão da maioria dos membros da administração a 27 de Novembro irá afectar a reestruturação do grupo".

 

Maria Rivas, a analista da agência responsável pelo relatório, mostra ainda preocupação com o atraso no processo de recapitalização. "Apesar do grupo estar num processo de recapitalização que iria fortalecer o seu balanço, foram tidos em conta para este período de revisão os atrasos e o risco de execução nesse processo", refere a nota da DBRS. "Como resultado, a DBRS espera que o grupo esteja fracamente capitalizado por um maior período que o inicialmente previsto".

 

Além disso, a demissão da administração de António Domingues coloca, segundo a DRBS, "desafios adicionais para que o grupo regresse à rentabilidade, reduza os problemas na qualidade dos activos e melhore a confiança dos investidores". A agência canadiana refere que o Governo continuará a apoiar o banco, caso necessário. Mas ressalva que vê "como menos provável que esse apoio permaneça incondicional se o grupo necessita de reforçar a sua posição de capital no médio prazo".

 

Colocar dívida subordinada é essencial para o "rating"

 

A agência explica que este processo de avaliação poderá durar até três meses. Durante esse período, a DBRS refere que irá focar-se "no processo de recapitalização, incluindo a colocação de instrumentos de dívida subordinada junto de investidores privados, assim como os problemas de governo societário e os desafios da qualidade dos activos e da rentabilidade".

 

Em relação à emissão de dívida subordinada as perspectivas da DBRS não são animadoras. "Vemos a colocação bem-sucedida de instrumentos subordinados no mercado como um desafio dada a actual volatilidade financeira global e o acesso muito limitado da CGD aos mercados de financiamento".

 

Assim, uma subida do "rating" é algo que a DBRS vê como "improvável no curto a médio prazo dado o período de revisão". Caso o processo de avaliação resulte numa descida do "rating" a Caixa deixará de ter "ratings" de grau de investimento junto das agências que são consideradas pelo BCE. A S&P tem uma notação de BB+ (um patamar abaixo de grau de investimento). A Fitch de BB- (três patamares abaixo de grau de investimento) e a Moody’s de B1 (quatro patamares abaixo de nível de investimento).


(Notícia actualizada às 18:22 com mais informação)

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