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"Curva de Powell" acentua sinais de recessão nos EUA
O indicador preferido da Reserva Federal no mercado de dívida para avaliar o risco de uma recessão continua a agravar-se e encontra-se no valor mais baixo desde 2007, antes da crise financeira.
O indicador no mercado das "treasuries" que é visto pela Reserva Federal (Fed) norte-americana como melhor sinalizando o risco de uma recessão caiu esta semana para novos mínimos desde 2007, reforçando a tese dos que defendem que a instituição presidida por Jerome Powell terá de cortar as taxas diretoras em breve para revitalizar a maior economia mundial.
O indicador que compara os futuros a 18 meses dos juros das "treasuries" com maturidade de três meses com a "yield" atual é considerado pela Fed como o barómetro mais fiável do mercado da dívida sobre uma contração económica iminente.
Esse "spread" encontra-se em terreno negativo desde novembro e esta semana caiu para novos mínimos desde 2007, tendo atingido os 170 pontos base negativos na quinta-feira.
"A curva de Powell continua a cair para novos mínimos deste século", referiram William O'Donell e Edward Acton, analistas do Citi, numa nota divulgada quinta-feira e citada pela Reuters.
Os receios de que a maior economia do mundo entre em recessão agravaram-se nas semanas mais recentes, impulsionados pela turbulência na banca dos EUA - que levou ao colapso de três instituições, nomeadamente o Silicon Valley Bank. Os investidores temem que os problemas na banca tornem mais difícil a concessão de crédito e que isso possa penalizar o crescimento económico.
"[Olhando para a curva] não é difícil perceber porque é que os mercados pensam cada vez mais que estamos perante um 'erro de política' quando se fala em novas subidas das taxas diretoras", acrescentam os analistas do Citi.
Esta sexta-feira, entretanto, foram conhecidos os dados do emprego nos EUA em março. O abrandamento na criação de emprego, mas em linha com o esperado pelos analistas, e a descida em uma décima da taxa de desemprego poderão sustentar uma decisão da Fed de prosseguir com aumentos nas taxas de juro de referência.