O Banco Central Europeu (BCE) voltou a cumprir o seu objectivo. A instituição liderada por Mario Draghi (na foto) comprou 61.303 milhões de euros em activos no mês de Julho, superando, assim, a meta mensal pretendida de 60 mil milhões. Mas este montante traduz um abrandamento face a Junho, no mês em que comprou dívida soberana do Chipre pela primeira vez.

A instituição monetária da Zona Euro investiu em Julho 51.360 milhões de euros, através do programa de compra de activos do sector público (PSPP). Os dados revelados pelo BCE esta segunda-feira, 3 de Agosto, revelam um queda do montante pelo segundo mês consecutivo, depois de ter comprado em Junho 51,469 milhões em dívida soberana e de agências governamentais.

Já as compras de "covered bonds" totalizaram 9.006 milhões de euros. Este é o valor mais baixo, desde que o BCE começou a divulgar as variações mensais, em Abril. O montante investido nestes instrumentos em Junho foi de 9.889 milhões. Mas a aquisição de instrumentos de dívida titularizados também recuou, desta feita de 1.590 milhões para 938 milhões.

Feitas as contas, a instituição liderada por Mario Draghi investiu um total de 61.303 milhões de euros, durante o mês de Julho. Uma redução face aos 62.330 milhões registados em Junho, tendo sido o pior mês desde Abril.

Mas o montante alcançado pelo BCE foi significativo, tendo em conta o período de fraca liquidez que os mercados enfrentam actualmente. Parte dos investidores iniciaram o período de férias em Julho, pelo que seria de esperar que a instituição monetária não alcançasse o objectivo mensal de 60 mil milhões de euros.

Um receio levantado no próprio BCE, o que levou a instituição a acelerar as compras de activos em Maio e Junho. Desta forma, estava a precaver face à possível falta de títulos no mercado, tendo comprado mais 5.418 milhões de euros nesses meses.

BCE compra dívida de Portugal com menor maturidade

A grande novidade das compras realizadas pelo BCE é Julho é que, pela primeira vez, a instituição investiu em dívida soberana do Chipre. Um total de 98 milhões de euros, em títulos com uma maturidade média ponderada de 5,41 anos.

Já a maturidade da dívida portuguesa na posse da instituição monetária através do PSPP voltou a cair. Uma evolução que revela que a aposta do banco central está a recair sobre dívida portuguesa com prazos inferiores, face às compras que vinha realizando até então.

Actualmente, os 5.656 milhões de euros em dívida portuguesa têm uma maturidade média de 10,59 anos, menos que a média de 10,61 anos registada no final de Junho. Esta redução surge num período em que a aquisição de dívida nacional também recuou, ao cair de 1.165 milhões para 1.160 milhões.

Mas as obrigações portuguesas continuam a ter a segunda maior maturidade média. São apenas superadas pela dívida de Malta, que tem um prazo de 11,03 anos.