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China quer ultrapassar os EUA e ter "uma autonomia tecnológica nacional"
Estimular o consumo doméstico ao mesmo tempo que quer ganhar a corrida tecnológica e da inteligência artificial, a China estabelece nas reuniões magnas desta semana as metas de crescimento, orçamentais, de inflação e anuncia grandes políticas.
Todos os anos, em março, acontecem em Pequim as chamadas reuniões magnas: a do comité nacional da Conferência Consultiva Política do Povo Chinês (na terça-feira) e a da Assembleia Popular Nacional (na quarta-feira). O Governo chinês deve voltar a fixar, pelo terceiro ano consecutivo, o PIB nos 5%, uma expectativa que Luís Mah, especialista em assuntos asiáticos do ISCTE, considera "realista".
"Acho que nos últimos anos há esta perceção de que os números podem não estar corretos. Os números têm tentado inflacionar o tal crescimento económico de 5%. Julgo que vamos ter novamente essa meta. A inflação de 2%, 3% - as indicações são que a meta vai ser de 2% - e também o défice orçamental de cerca de 4% do PIB. São as expectativas, são os grandes anúncios que se esperam para este ano, para 2025", refere em entrevista ao Negócios no NOW.
Luís Mah considera que estimular o consumo doméstico é uma das bandeiras do Governo chinês, para ajudar o crescimento económico, que tem estado a ser "essencialmente estimulado e motivado pelo crescimento das exportações".
"O que este Governo quer de Xi Jinping, mas já há alguns anos, é tentar estimular mais o consumo doméstico. No entanto, não temos a certeza se será isso que irá acontecer de uma forma substancial, porque a grande estratégia deste Governo claramente é o que chama das novas forças produtivas, ou seja, apostar claramente numa reestruturação do modelo industrial chinês, apostando muito no investimento na tecnologia, na alta tecnologia, na biotecnologia, em setores considerados chaves para a economia chinesa ser líder a nível internacional", explica.
"No contexto atual geopolítico, geoeconómico, de competição com os Estados Unidos e por liderança quer da transição digital, quer a transição verde, este Governo quer claramente apostar que a China irá liderar esse setor", acrescenta o especialista em assuntos asiáticos do ISCTE. No fundo, acrescenta, a China quer uma "uma autonomia tecnológica nacional, produzindo os seus semicondutores precisos, os microchips, ultrapassar os Estados Unidos na inteligência artificial".