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Fecho dos mercados: Bancos centrais atiram bolsas para mínimo de dois meses e euro para máximos
O mercado continua a ajustar-se à evidência que a época da política monetária fortemente expansionista está a chegar ao fim na Europa. As acções e as obrigações caem a reflectir este cenário, enquanto o euro negoceia em máximos de mais de um ano. O petróleo recupera.
PSI-20 cedeu 0,89% para 5.141,44 pontos
Stoxx 600 desceu 1,34% para 380,64 pontos
S&P 500 recua 0,87% para 2.419,43 pontos
Juros da dívida a dez anos sobem 5,8 pontos base para 3,04%
Euro avança 0,46% para 1,143 dólares
Brent valoriza 0,61% para os 47,60 dólares por barril
Bolsas europeias com maior queda em nove meses
As bolsas europeias registaram uma queda acentuada, atingindo mínimos de dois meses, numa sessão em que as tecnológicas voltaram a comandar as quedas nos índices. O Stoxx 600 caiu 1,34%, no recuo mais acentuado desde Setembro do ano passado.
A marcar a sessão continuam as declarações dos responsáveis dos bancos centrais, que fizeram os investidores reajustar as suas carteiras face ao cenário de fim cada vez mais próximo do ciclo de política monetária fortemente expansionista, com juros em mínimos históricos e programas de compra de activos.
Esta perspectiva surge depois do discurso de Mario Draghi em Sintra na terça-feira - e de ontem de Mark Carney, que avisou que o Banco de Inglaterra poderá ter que subir os juros. O BCE tentou nos últimos dias corrigir a interpretação que os mercados fizeram às palavras de Draghi, mas os investidores incorporaram que o BCE poderá estar agora mais perto de anunciar uma redução dos estímulos monetários. Como titula a Bloomberg numa das suas notícias de hoje os "bancos centrais estão a dizer ao mundo que os custos de financiamento vão subir".
Em Lisboa o PSI-20 acompanhou este sentimento negativo que impera nas bolsas europeias, com o índice português a ceder perto de 1%. O BCP e a Nos foram as cotadas que mais penalizaram o PSI-20. O banco liderado por Nuno Amado caiu 2,02% para 23,32 cêntimos, enquanto a operadora deslizou 1,83% para 5,317 euros.
Inflação na Alemanha impulsiona juros
A perspectiva de redução dos estímulos por parte do BCE ganhou força depois de a Alemanha ter revelado que a inflação subiu em Junho para 1,5%, quando os economistas apontavam para uma descida para 1,3%.
Este indicador acentuou a subida dos juros da dívida soberana na Europa, que já estavam em alta devido às palavras de Draghi. A "yield" das obrigações do Tesouro a 10 anos subiu 5,8 pontos base para 3,04% com o diferencial face às bunds alemãs a agravar-se para 259 pontos base.
Taxas Euribor voltam a subir
As taxas Euribor mantiveram-se hoje a três meses (-0,331%) e voltaram a subir a seis, nove e 12 meses em relação a quarta-feira, embora as subidas tenham sido ligeiras, tendo em conta as novas perspectivas para a condução da política monetária. A taxa Euribor a seis meses, a mais utilizada em Portugal nos créditos à habitação e que entrou em terreno negativo pela primeira vez em 6 de Novembro de 2015, subiu hoje para -0,270%, mais 0,1 pontos base do que na sessão anterior e contra o actual mínimo de sempre, de -0,273%, registado pela primeira vez em 23 de Junho.
Euro em máximos de um ano e libra sobe pela sétima sessão
A moeda europeia continua a beneficiar com o impacto das declarações de Draghi e atingiu um máximo de mais de um ano apesar da tentativa dos responsáveis do BCE para corrigir a interpretação que os mercados fizeram das palavras do presidente do banco central. O euro sobe 0,46% e negoceia acima dos 1,14 dólares, o nível mais elevado desde Maio do ano passado.
A libra também voltou a negociar em alta, devido às perspectivas de subida dos juros parte do Banco de Inglaterra. A moeda britânica valoriza 0,3% para 1,2964 dólares, naquela que é a sétima sessão consecutiva de ganhos para a libra, o que representa o ciclo de ganhos mais longo desde Abril de 2015.
A força das moedas europeias atirou o índice do dólar para mínimos desde Novembro do ano passado, quando Donald Trump ganhou as eleições nos Estados Unidos.
Petróleo em alta pela sexta sessão
O petróleo está a negociar em alta pela sexta sessão consecutiva, o que representa já a mais longa série de valorizações em dois meses. A animar a matéria-prima está a descida da produção dos Estados Unidos, que alivia os receios em torno do excesso de oferta no mercado, que levaram o petróleo a entrar em ‘mercado urso’ na semana passada. O Brent, que negoceia em Londres e serve de referência às importações portuguesas, sobe perto e 1% e aproxima-se dos 48 dólares.
Cobre a caminho dos 6.000 dólares
O cobre está a valorizar pela sétima sessão, perante os sinais de maior crescimento da economia global, em particular na China. O metal está esta quinta-feira a transaccionar nos 5.881 dólares e de acordo com a Antaike Information está a caminho de quebrar a barreira dos 6 mil dólares.