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Petróleo reergue-se? Disparou com estímulos dos EUA mas Riade tem a torneira pronta a abrir

O "ouro negro" continua no centro das atenções e na sessão de quarta-feira esteve em mínimos de 18 anos no mercado londrino, que serve de referência às importações portuguesas.

As exploradoras de petróleo de xisto nos EUA enfrentam riscos acrescidos com a “guerra de preços” iniciada pelos sauditas.
Nick Oxford/Reuters
19 de Março de 2020 às 02:06
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Além da diminuição da procura por petróleo, por força da pandemia, esta quarta-feira a Arábia Saudita prosseguiu o seu braço de ferro com a Rússia na tentativa de levar Moscovo a cortar a sua produção – algo que recusou na última reunião do grupo OPEP+ -, tendo anunciado que vai começar a exportar 10 milhões de barris de crude por dia a partir de abril, o que representa um volume máximo histórico de exportação, e isto numa altura em que a oferta nos mercados já é excedentária.

 

Estes dois fatores levaram a fortes quedas da matéria-prima, com os preços a afundarem para mínimos de 2002 em Londres (Brent do Mar do Norte) e de 2003 em Nova Iorque (West Texas Intermediate – WTI).

 

No entanto, depois de ser anunciado que o Senado norte-americano aprovou o novo pacote orçamental (850 mil milhões de dólares) de combate aos efeitos da covid-19, as cotações dispararam na negociação do "after hours" do mercado nova-iorquino, a subirem 9,5% para 22,30 dólares por barril.

 

Com este estímulo, poderá hoje o crude regressar ao verde nos mercados? Tudo está em aberto, pois a abertura de torneiras por parte de Riade não vai ajudar. Além de que as agências de rating já estão a cortar as notações de empresas do setor, como foi o caso da Occidental Petroleum, cujo "downgrade" esta quarta-feira à noite pela Moody’s pôs a sua dívida na categoria de "lixo".

 

Durante a sessão de quarta-feira, o WTI mergulhou 24% para níveis em torno de 20 dólares por barril e o Brent ficou pouco acima dos 25 dólares. No acumulado do ano, os preços do crude caem mais de 60%.

"Bomba atómica"

 

O Brent a negociar em torno dos 25 dólares é um cenário "que confirma que o mercado está a começar a ter em conta o forte desequilíbrio entre a oferta e a procura", comentou à MarketWatch uma analista da consultora Rystad Energy, Louise Dickson.

 

"A cada dia que passa parece surgir um novo alçapão pronto a engolir os preços do petróleo, e a nossa convicção é a de que os preços continuarão a afundar até que se atinja um equilíbrio de custos e a produção seja suspensa", advertiu a mesma analista.

Juntando tudo isto, "o que estamos a ver é, essencialmente, o equivalente à bomba atómica nos mercados petrolíferos", rematou.

 

A guerra petrolífera foi desencadeada a 8 de Março, quando a Arábia Saudita anunciou que iria aumentar a produção a partir de abril e oferecer descontos aos clientes. Esta foi a estratégia definida por Riade depois de Moscovo ter recusado a proposta da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de um corte adicional de produção – no âmbito do acordo que vigorava entre os países do cartel e os seus parceiros (o chamado grupo OPEP+) – para sustentar os preços do "ouro negro" perante o impacto do coronavírus Covid-19.

Também os Emirados Árabes Unidos já fizeram saber que vão seguir os passos dos sauditas e aumentar a oferta de petróleo no mercado já a partir do próximo mês.

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