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Fecho dos mercados: Europa volta a afundar. Petróleo em mínimos de 18 anos

Depois das valorizações expressivas de ontem, os mercados europeus voltaram a desvalorizar de forma robusta com o medo de uma recessão económica global a assustar os investidores. O petróleo norte-americano WTI afundou 18%.

Reuters
18 de Março de 2020 às 18:25
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Os mercados em números

PSI-20 perdeu 5,03% para os 3.641,80 pontos

Stoxx 600 recuou 3,92% para os 279,66 pontos

S&P 500 cai 8,79% para os 2.305,16 pontos 

Juros da dívida portuguesa a dez anos avançam 17,6 pontos base para 1,432%

Euro desvaloriza 1,65% para 1,0815 dólares
Petróleo em Londres recua 13,17% para os 25,05 dólares por barril

Europa volta a afundar com uma queda de quase 4%

Os principais mercados europeus conseguiram respirar ontem, com ganhos expressivos, mas foi sol de pouca dura. Hoje, a sessão começou de forma negativa na Europa, e as principais praças foram agravando as quedas de forma paulatina. O Stoxx 600, o índice que agrupa as 600 maiores cotadas da região, desvalorizou 3,93% para os 279,66 pontos. 

O gatilho de uma nova recessão pode estar de novo prestes a ser acionado, à medida que o vírus SARS-CoV-2 vai tendo impacto na economia em todo o mundo. Nos últimos dias vários analistas de bancos de investimento têm apontado para esse cenário, e hoje, foi a vez do Goldman Sachs emitir uma nota a antecipar um abrandamento do PIB (produto interno bruto) mundial nos primeiros dois trimestres - o necessário para entrar em terreno de recessão técnica.

Essa hipótese ganha força, contudo, nas maiores economias do mundo, como os Estados Unidos e a China, e tem afastado ainda mais os investidores dos mercados. Agora, nem o ouro ou o mercado obrigacionista, normalmente considerados mais seguros e aos quais os investidores recorrem em altura de maior turbulência nos mercados, escapam ao cenário negativo. 

Entre as praças europeias, as perdas oscilaram entre -1,12% no índice de Atenas, na Grécia, e -5,94% na praça de Paris, em França. 

Por cá, a bolsa nacional não escapou ao cenário e derrapou 5,03% para os 3.641,80 pontos, ligeiramente acima do mínimo de 1993 que atingiu na passada segunda-feira.

Juros de Portugal disparam para máximos

No mercado de obrigações soberanas, os juros da dívida das principais economias europeias vai disparando e em Portugal, os juros com maturidade a dez anos subiram 17,6 pontos base para os 1,432%, o que representa o nível mais elevado desde março do ano passado.

Também os juros da dívida alemã com a mesma maturidade avançam 19,7 pontos base para os -0,245%.

Os investidores continuam assim a fugir também do mercado de obrigações soberanas, numa altura em que os países estão a abrir os cordões à bolsa com o anúncio de mega pacotes orçamentais para responder aos efeitos económicos da pandemia.

Apesar de a dívida pública ser considerada, tendencialmente, um ativo de refúgio, agora a perspetiva é a contrária, sendo que até as obrigações alemãs estão em queda acentuada, embora os juros permaneçam em terreno bem negativo.

Libra cai quase 5% face ao dólar e afunda para mínimos de 35 anos
A libra britânica está a ter um dia negro e já caiu para os níveis mais baixos em 35 anos nesta quarta-feira, ao depreciar 4,39% para os 1,1548 dólares.

Depois de ter atingido um máximo de dois meses na semana passada, acima dos 1,30 dólares, a divisa britânica tem conhecido acentuadas quedas com muitos traders a largarem as suas posições, pouco confiantes face aos planos do governo britânico para controlar a propagação do SARS-CoV-2.

A libra está então em mínimos de 1985, quando as cinco maiores economias mundiais da altura (França, Alemanha Ocidental, Japão, Estados Unidos e Reino Unido) assinaram o Acordo de Plaza, para enfraquecer o dólar. 

A dar um contorno maior a esta queda da libra está também a força que o dólar tem ganhado nas últimas sessões, sendo este o sétimo dia consecutivo a valorizar face a um cabaz de moedas rivais. Hoje, a moeda norte-americana aprecia face a todas as principais moedas do mundo. 

Posto isto, o euro deprecia 1,65% para os 1,0815 dólares.

Petróleo em mínimos de 18 anos. WTI a caminho do terceiro pior dia de sempre
Os preços do petróleo continuam em queda-livre e hoje desvalorizam para mínimos de mais de 18 anos, com a pandemia do coronavírus a pressionar a procura pela matéria-prima a nível global, ao mesmo tempo que a Arábia Saudita pretende inundar o mercado petrolífero.

Hoje, o norte-americano WTI (West Texas Intermediate) caiu 18% para os 22,12 dólares por barril, o que representa um mínimo de mais de 18 anos. A continuar neste ritmo, o ativo dos Estados Unidos encaminha-se para o seu terceiro pior dia em bolsa de sempre. 

O europeu Brent, que serve de referência para Portugal, teve uma queda mais contida (-11,6%) face ao par norte-americano, mas suficiente para cair para a barreira dos 25,40 dólares por barril, um mínimo desde 2003. 

Os dados de hoje da Energy Information Administration (EIA) mostraram que os inventários de petróleo nos Estados Unidos subiram 2 milhões de barris na semana passada, totalizando sete semanas seguidas de aumento, o que espelha bem a falta de procura que a matéria-prima está a ter. 

A tendência é de que o cenário piore, uma vez que a partir do próximo mês a Arábia Saudita vai inundar o mercado com petróleo a preços com um grande desconto. 


Ouro regressa às quedas e deprecia mais de 2%
Depois de uma breve recuperação na sessão de ontem, com o ouro a pôr fim a um ciclo de cinco semanas de quedas consecutivas, hoje o metal precioso voltou a perder valor. 

Por esta altura, o ouro - considerado um ativo mais seguro e que serve de refúgio para os investidores - deprecia 2,89% para os 1.484,13 dólares por onça e está a ser incapaz de fugir ao pânico vivido nos mercados. 

O cobre afunda 7,8% para abaixo da barreira dos 5.000 dólares por tonelada, um mínimo de quatro anos.

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