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OPEP+ mantém produção mas sauditas retiram mais um milhão de barris/dia à oferta
O corte adicional de Riade vai ser aplicado em julho, mas poderá estender-se por mais tempo se isso se revelar necessário. Ou seja, se os preços do petróleo continuarem pouco sustentados. Os restantes membros mantêm as suas quotas de produção em 2023 e acordaram uma nova redução para 2024.
Os 13 membros da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e os seus 10 aliados decidiram manter o atual nível de produção até ao final do ano. Mas não se ficam por aqui, já que anunciaram também que vão ajustar a sua produção interna, reduzindo-a em 1,4 milhões de barris por dia em2024, baixando assim – durante todo o próximo ano – a sua meta de produção para 40,46 milhões de barris por dia.
Numa reunião difícil, com algum impasse devido a vários braços de ferro, o chamado grupo OPEP+ acabou por não se decidir por um corte adicional da oferta de crude para este ano. E isto devido ao bater do pé dos Emirados Árabes Unidos, Angola e Nigéria, por motivos diferentes.
Em abril, recorde-se, vários membros da OPEP+ anunciaram cortes voluntários da produção, num volume agregado de 1,16 milhões de barris por dia – uma decisão que surpreendeu o mercado e que entrou em vigor em maio. A este volume juntou-se uma redução adicional de 500 mil barris diários por parte de Riade, o que elevou a diminuição total da oferta do cartel e dos aliados para 1,66 milhões de barris diários – que acumularam com os cortes já existentes de dois milhões de barris por dia (decididos em outubro do ano passado).
O anúncio de abril fez subir os preços do crude, mas os receios em torno do crescimento e da procura mundial rapidamente fizeram com que as cotações cedessem de novo. Nesta sexta-feira, 2 de junho, o Brent do Mar do Norte (crude de referência para as importações europeias) encerrou a valer 76 dólares por barril depois de ter chegado a tocar nos 87 dólares aquando do anúncio do novo apertar das torneiras.
Com o "status quo" de hoje, o volume total de redução da oferta, decidido unanimemente, mantém-se nos 3,66 milhões de barris/dia. No entanto, a Arábia Saudita anunciou que vai cortar, de forma voluntária e unilateral, mais um milhão de barris por dia à sua oferta no mês de julho (uma redução que totaliza, por isso, 1,5 milhões de barris, dado que desde novembro que tem colocado menos 500 mil barris no mercado).
Assim, a retirada agregada da OPEP+ fica em julho nos 4,66 milhões de barris diários – o que corresponde a cerca de 4,5% da procura mundial.
O ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, disse que este corte de Riade poderá estender-se para lá de julho se necessário.
A recente queda dos preços do petróleo levou a que os sauditas sentissem ser necessário um corte adicional, dado o outlook incerto para a economia mundial e para a procura por "ouro negro" nos próximos meses.
A reunião de hoje durou sete horas – e foi mais demorada do que é habitual devido ao facto de três países da OPEP terem batido o pé para fazerem valer as suas pretensões.
Os Emirados Árabes Unidos (EAU) estavam a exigir uma alteração na forma como os cortes de produção são mensurados, ao passo que os membros africanos do cartel – Angola e Nigéria – se mostraram relutantes em abrir mão das suas quotas, apesar de não estarem a conseguir cumpri-las.
A Nigéria e Angola estão entre os membros da OPEP que já estão a produzir à máxima capacidade e sem conseguirem chegar às quotas que estão definidas. No entanto, opunham-se a cortes nas metas de produção porque novas quotas mais baixas poderiam obrigá-los a terem depois de concretizar cortes reais. No entanto, foi isso que aconteceu, já que hoje ficou definida uma redução das metas de produção da Rússia, Angola e Nigéria em 2024.
Em contrapartida, os EAU exigiam uma maior "baseline" (base de referência a partir da qual estão definidos os cortes de produção), em linha com a sua crescente capacidade de produção, o que foi aceite – levando a que possam aumentar a sua oferta.