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OPEP decide corte em Dezembro mas Arábia Saudita avança já
A 11.ª reunião do Comité Ministerial Conjunto de Acompanhamento do acordo de redução da produção petrolífera dos países da OPEP e não-OPEP finalizou sem uma decisão. Fica para 6 de Dezembro.
O Comité Ministerial Conjunto de Acompanhamento (JMMC, na sigla em inglês) do acordo de redução da produção petrolífera dos países da OPEP e não-OPEP, que hoje esteve reunido em Abu Dahbi (Emirados Árabes Unidos), adiou para a próxima reunião ministerial da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, que terá lugar em Viena a 6 de Dezembro, uma decisão sobre o plafond de produção da matéria-prima.
O JMMC, apoiado pelo Comité Técnico Conjunto (JTC), foi criado para monitorizar o cumprimento dos cortes voluntários de produção feitos por 24 países: os membros da OPEP e outras nações não pertencentes ao cartel, como a Rússia.
Há um ano, os membros da OPEP e os seus aliados neste acordo concordaram em prolongar por mais nove meses – até ao final de 2018 - os cortes na produção de petróleo acordados em Novembro de 2016 e que tinham entrado em vigor em Janeiro de 2017. Recorde-se que a Nigéria e a Líbia (membros da OPEP) ficaram isentas dos cortes devido à perturbação da oferta que estavam a registar. Entretanto, foram regressando ao mercado.
Agora, perante a forte queda dos preços, a OPEP e os outros produtores signatários deste acordo de redução da produção estão a equacionar um novo corte.
A reunião de hoje terminou sem um acordo, que fica então para 6 de Dezembro. Mas a Arábia Saudita uma vez mais assumiu a liderança e o seu ministro da Energia, Khalid Al-Falih, disse aos jornalistas que Riade irá cortar já a sua produção em 500 mil barris por dia a partir de Dezembro.
"Se a OPEP e os seus parceiros quiserem ir em frente com novos cortes para 2019, a Arábia Saudita terá de convencer não só os restantes membros do cartel – como o Iraque, que tem tentado aumentar a sua produção – como também a Rússia, sua aliada desde 2016, que até agora não revelou grande entusiasmo para reduzir ainda mais a oferta", sublinha a Bloomberg.
Mas o ministro russo da Energia, Alexander Novak, declarou este domingo que Moscovo continua empenhado no acordo celebrado com a OPEP e que apoiará qualquer decisão sobre o novo plafond de produção.
Segundo o ministro do Petróleo de Omã, Mohammed Al-Rumhy, a OPEP e seus aliados decidirão em Dezembro qual a fórmula a aplicar para lidar com o excedente da oferta face à procura.
Se em Dezembro se decidir por um corte de produção, será a segunda vez este ano que a OPEP fará a segunda inversão de estratégia nas quotas de produção. Foi há apenas quatro meses que o cartel decidiu aumentar a produção em um milhão de barris por dia –a partir do início de Julho.
As cotações do "ouro negro" perderam bastante terreno ao longo das últimas sessões e o crude negociado no mercado nova-iorquino está em "bear market" desde quinta-feira, 8 de Novembro, já que cai mais de 20% desde o último máximo, atingido a 3 de Outubro. O West Texas Intermediate para entrega em Dezembro marcou na sexta-feira a 10.ª sessão consecutiva em queda, naquela que foi a mais longa série de descidas de sempre para o WTI.
A contribuir para a depreciação desta matéria-prima está o aumento da oferta – a par com uma subida das reservas norte-americanas de crude – e os receios de uma desaceleração do crescimento económico.
A pressão dos EUA
O presidente dos EUA, Donald Trump, reclamou que a OPEP devia tomar medidas para colocar mais petróleo no mercado e assim travar a escalada dos preços da matéria-prima.
A pressão tem sido exercida durante os últimos meses e ganhou intensidade há poucas semanas, quando a cotação do petróleo negociava acima dos 80 dólares em Londres e em máximos de quatro anos também em Nova Iorque. Com as exportações da Venezuela em queda abrupta devido à crise no país e a proximidade da entrada em vigor das sanções ao Irão, os membros do cartel aproveitaram para aumentar a produção, que está agora no nível mais elevado em dois anos.
Mas o presidente dos Estados Unidos "tirou o tapete" à OPEP, pois permitiu que uma série de países (como o Japão, China, Turquia e a Índia) continue a comprar petróleo ao Irão. Isto numa altura em que a produção de petróleo nos EUA continua a aumentar a bom ritmo e atingirá um novo recorde este ano.
Foi este conjunto de factores que levou a que o petróleo, no espaço de pouco mais de um mês, passasse de máximos de quatro anos para mínimos de Abril. Uma queda de 20% ao longo de cinco semanas no vermelho que deixou o petróleo em "bear market".