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Ouro: a queda após 12 anos de subidas consecutivas

O ano de 2013 marcou a interrupção no palmarés de ganhos do metal amarelo. Depois de marcar valorizações durante 12 anos seguidos, conseguidas à conta do estatuto de valor-refúgio que lhe tem sido associado quando os investidores procuram alternativas ao mercado accionista, obrigacionista e cambial, acabou por não resistir à melhoria da economia mundial.

Bloomberg
31 de Dezembro de 2013 às 13:06
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O metal precioso negociado no mercado nova-iorquino recuou 28% entre Janeiro e Dezembro, marcando também assim a maior queda das últimas três décadas. Com efeito, desde 1981 que não caía tanto num ano. O ouro tem um estatuto de valor-refúgio e é bastante procurado em épocas de crise, funcionando como um activo de protecção, pelo que a retoma económica global acabou por o penalizar.

 

Esta mesma retoma económica levou a que a Reserva Federal norte-americana anunciasse, em Dezembro, que vai começar a retirar os estímulos à economia, notícia que confirma a melhoria do panorama económico dos EUA e que tem pressionado o ouro.

 

Foi em Maio passado que o presidente da Fed, Ben Bernanke, aludiu pela primeira vez à possibilidade de o banco central norte-americano reduzir a compra mensal de activos (que estava nos 85 mil milhões de dólares), no âmbito da terceira ronda de flexibilização quantitativa [“quantitative easing” – QE3]. Desde essa altura, muita especulação correu sobre a data em que a Reserva Federal começaria de facto a retirar esses estímulos. Em Dezembro, foi finalmente avançado que a partir de Janeiro de 2014 começarão a ser retirados 10 mil milhões de dólares por mês ao valor dessas compras de activos.

 

Assim, o banco central passará a injectar menos dinheiro na economia, pelo que os receios inflacionistas são menores. E o ouro é um dos activos preferidos como cobertura contra a inflação, perdendo assim mais pontos neste campo.

 

Também a renovada aposta nos mercados accionistas por parte dos investidores tem apagado o brilho deste metal precioso.

 

Na última sessão do ano, os futuros do metal precioso para entrega em Fevereiro seguiam a cair 0,02% no mercado nova-iorquino, para 1.203,50 dólares por onça.

 

Sublinhe-se que os contratos spot (entrega imediata) são negociados no mercado londrino.

 

Prata seguiu as pisadas do metal amarelo

 

A prata também perdeu terreno em 2013, encerrando com um saldo negativo de 36%. De acordo com o índice S&P GSCI, foi a segunda matéria-prima que mais desceu no ano (o ouro foi a terceira), suplantada por uma “commodity” agrícola, o milho.

 

À semelhança do ouro, também a prata não perdia tanto num ano desde 1981.

 

Os futuros da prata seguiam a recuar 0,30 no dia 31 de Dezembro, no mercado de Nova Iorque, a negociar nos 19,55 dólares por onça.

Já os metais industriais registaram uma performance mista este ano, com o níquel a perder 0,53%, ao passo que o zinco desvalorizou 0,78.

 

Milho liderou as quedas em 2013

 

O milho foi a matéria-prima que mais caiu em 2013, ao registar uma perda de 39,4%, naquela que foi a maior queda desde pelo menos 1965. Os futuros deste produto foram fortemente penalizados na parte final do ano pelos receios de que a China possa rejeitar mais entregas de milho norte-americano com variedades geneticamente modificadas.

 

Entre outras “commodities” agrícolas, também o trigo viu neste ano uma “má colheita”, ao ceder 23%, bem como o café, que se depreciou em 21%. O trigo tem estado a ser pressionado pelas estimativas do Departamento norte-americano da Agricultura, que apontam para uma colheita recorde a nível mundial na próxima campanha, para 711,4 milhões de toneladas, ao passo que os inventários antes da colheita de 2014 subirão 4% para 182,8 milhões de toneladas.

 

Já o cacau esteve entre as que matérias-primas agrícolas que mais subiram, ao somar && no conjunto do ano.

 

Gás natural foi a vedeta dos ganhos

 

O sector energético fechou o ano em alta, com destaque para o gás natural, que teve o melhor desempenho entre as matérias-primas que compõem o índice S&P GSCI.

 

Também o Brent, crude de referência para as importações portuguesas, que é negociado em Londres, encerrou o ano com ganhos, a valorizar 7,5%. O mesmo não aconteceu com o seu congénere dos Estados Unidos, o West Texas Intermediate, que na última sessão do ano acumula uma descida de 0,3 em 2013.

 

Destaque ainda para o gasóleo e gasóleo para aquecimento, que também ficaram mais caros este ano.

 

Recorde-se que o índice S&P GSCI, que agrupa 24 matérias-primas, é calculado com base na produção mundial das “commodities” que tem listadas. Os 24 contratos que o constituem abrangem todos os sectores das matérias-primas: produtos energéticos, metais industriais e preciosos, produtos agrícolas e gado.

 

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