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Ouro volta a brilhar pela primeira vez desde 2012

Depois de ter completado três anos consecutivos de desvalorizações acumuladas, o ouro voltou a ganhar brilho em 2016, devido a uma série de surpresas económicas e políticas que levaram ao aumento da procura por este metal precioso.

Dario Pignatelli/Bloomberg
30 de Dezembro de 2016 às 14:30
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Em 2016, o metal amarelo valorizou 9,33%, após ter perdido 10,41% em 2015, 1,44% em 2014 e 28,28% em 2013. O ano anterior, 2012, tinha marcado o 12.º ano consecutivo de ganhos para este activo, muito à conta do seu estatuto de investimento de refúgio, uma alternativa para os investidores ao mercado accionista, obrigacionista e cambial em tempos de maior incerteza.


O ano começou com a maior subida dos preços do ouro num primeiro semestre em quatro décadas. Em Julho, com as ondas do Brexit, atingiram o pico do ano em 1.375,34 dólares por onça (o valor mais elevado desde Março de 2014), e no segundo semestre voltaram a recuar, penalizados pelos dados económicos positivos vindos dos Estados Unidos e pela perspectiva de uma subida dos juros no país, que viria a concretizar-se em Dezembro.

Isto porque, como o ouro não rende juros, com as taxas mais altas os investidores preferem apostar em activos de maior risco, mas que também geram retornos mais elevados.

Outro factor que pressionou os preços do ouro foi a vitória de Donald Trump nas eleições presidenciais dos Estados Unidos, a 8 de Novembro. As promessas do republicano de aumentar os gastos em infraestruturas e reduzir os impostos sustentaram uma forte valorização das acções e do dólar, o que tornou menos atractivos os activos denominados na divisa norte-americana, como é o caso do metal amarelo.

Para a prata, o ano foi ainda mais "brilhante". Este activo fecha 2016 com uma valorização de 17,12%, depois de ter recuado 11,86%, 19,31% e 35,83% nos três anos anteriores. A prata atingiu o seu valor mais baixo do ano em Janeiro (13,7450 dólares) e o mais alto em Julho (21,1377 dólares).

Analistas: Preços do ouro podem subir 12% em 2017

Segundo uma pesquisa da Bloomberg junto de 26 analistas, os preços do ouro podem subir 12% no próximo ano.

Estas perspectivas estão assentes numa série de riscos que podem provocar instabilidade nos mercados e aumentar a procura por investimentos tidos como mais seguros. Entre eles, uma possível guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, a deterioração das relações entre os Estados Unidos e a Rússia, as negociações sobre a saída do Reino Unido da União Europeia e as eleições em França, na Alemanha e na Holanda.

A GolCore destaca ainda as mensagens do presidente eleito dos Estados Unidos no Twitter, que podem perturbar as relações do país com os seus principais parceiros. "140 caracteres de Trump sem filtros criarão provavelmente tensões com os maiores parceiros comerciais da América", afirmou Mark O'Byrne, dircetor da GolCore, em Dublin, citado pela Bloomberg. "Os mercados que já estão abalados pelas consequências do Brexit e pelas próximas eleições na Europa e, de facto, o crescente espectro da guerra cibernética, poderá levar a uma subida da procura por activos mais seguros".

De acordo com o Commerzbank, se as eleições na Europa forem ganhas por partidos anti-sistema, o mundo assistir a um aumento das políticas proteccionistas ou os Estados Unidos se envolverem numa guerra comercial como a China, o ouro deverá ficar mais caro.

Pelo contrário, quatro dos analistas ouvidos pela Bloomberg antecipam que o metal precioso cairá abaixo da barreira de mil dólares em 2017, particularmente se a Reserva Federal dos Estados Unidos aumentar os juros três vezes ao longo do ano e se Trump honrar o seu compromisso de aumentar os gastos para estimular o crescimento económico. 

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