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Euribor não deixaram as quedas em 2016. Nem o terreno negativo. Nem os mínimos históricos
Os resultados dos bancos culpam-na como a responsável pelo emagrecimento das margens e o seu efeito agravou-se este ano. As taxas Euribor estão em terreno negativo, muito mais negativo do que no início do ano.
"A manutenção em praticamente todo o semestre de taxas Euribor negativas penalizou a margem financeira de todos os bancos e o Banco Caixa Geral [Espanha] não foi imune a este efeito". A afirmação consta do relatório e contas do primeiro semestre do ano da CGD, referindo-se ao banco espanhol. Mas é extensível a todo o sector financeiro.
As Euribor, as taxas cobradas pelos bancos nas operações que realizam entre si e que servem de indexante para parte dos créditos variáveis, como o de habitação, voltaram a ceder em 2016. E o terreno negativo é cada vez mais negativo.
O Banco Central Europeu (BCE) continua a ter uma política monetária acomodatícia e define a taxa de juro de referência, ou o custo do dinheiro, em zero. Era de 0,25% até Março. Abaixo de zero está a taxa de juro que as instituições financeiras recebem por terem o dinheiro parqueado na autoridade sediada em Frankfurt, enfrentando uma taxa de depósito de -0,4%, o que na prática as leva a pagar para tal.
Este comportamento define todo o mercado, nomeadamente as taxas que os bancos praticam nas operações que realizam entre si e que são, também, os indexantes dos produtos financeiros oferecidos. No crédito à habitação com taxa variável, a Euribor é o indexante-padrão. E, este ano, as Euribor caíram e afundaram ainda mais o terreno negativo.
Em 2016, a tendência foi sempre descendente. E estão em mínimos históricos. A Euribor a três meses, por exemplo, começou hoje pouco abaixo de -0,1%. Acabou-o em -0,319%, segundo a Lusa, que tem acesso aos dados actualizados.
A seis meses, a referência mais utilizada no crédito à habitação, a taxa foi fixada esta sexta-feira, 30 de Dezembro, em -0,221%. É o terceiro dia seguido no mesmo valor, sendo que a descida para terreno negativo foi em Novembro do ano passado.
Os bancos reduziram a oferta de novos créditos com os indexantes mais curtos, prevendo apenas o pagamento por taxas Euribor a 12 anos - uma forma de evitar o estrangulamento da margem financeira. Nesta maturidade, a taxa desceu a barreira dos zero em Fevereiro deste ano e segue agora em -0,082%, descendo 0,1 pontos base na última fixação do ano.
Nos empréstimos à habitação, além da transição para indexantes com prazos mais longos, também a taxa fixa é a solução das instituições financeiras para limitar o impacto da política do BCE.