Notícia
Carteira mais pesada com factura dos combustíveis em queda
A forte queda das cotações do petróleo fez afundar os preços de venda dos combustíveis nos postos nacionais. Descidas expressivas, tanto no gasóleo como na gasolina, que vieram aumentar o rendimento disponível das famílias.
Há muito tempo que o contador dos euros não andava à mesma velocidade, ou até mais devagar, que o dos litros. É isso que se vê, actualmente, em alguns postos de abastecimento do país, no caso do gasóleo, resultado das fortes descidas registadas nos preços de venda dos combustíveis que seguiram a queda acentuada dos derivados nos mercados internacionais num ano "negro" para o petróleo.
Foi um final de ano marcado por descidas atrás de descidas nos preços dos combustíveis nas "bombas". Semanas após semanas, foram sendo retirados vários cêntimos aos valores de venda ao público até que o preço médio do gasóleo chegasse a 1,119 euros por litro, de acordo com os dados da Direcção Geral de Energia e Geologia. Em alguns postos, contudo, o preço chegou a apenas 99 cêntimos, um mínimo de 2009.
O preço médio do gasóleo está em 1,119 euros por litro, mas há postos em que o valor de venda ao público está já abaixo de um euro.
As descidas mais expressivas couberam, no entanto, à gasolina. Em meados de Novembro, o preço por litro registou a maior queda desde a liberalização do mercado. Mas já em Dezembro o valor de venda ao público chegou a cair seis cêntimos, levando a que o valor médio de comercialização deste combustível em Portugal recuasse, segundo a DGEG, para 1,299 euros.
No acumulado do ano, considerando preços médios, o gasóleo ficou 27,6 cêntimos mais barato, ou seja, o custo encolheu em 19,78%, já a gasolina baixou em 23,4 cêntimos por litro, apresentando uma desvalorização de 15,3%, deixando mais dinheiro na carteira dos automobilistas. Considerando os preços praticados pelas gasolineiras de referência, o gasóleo caiu 17,3% e a gasolina 15% para 1,194 e 1,359 euros por litro, respectivamente.
Fiscalidade pesa
A queda dos preços de venda dos combustíveis acabou, no entanto, por ser bem menos expressiva do que a registada pelas cotações da gasolina e do gasóleo nos mercados, e mesmo que o petróleo que afundou mais de 45% (veja a infografia sobre o que faz mexer os preços dos combustíveis). Um comportamento que é explicado, em grande parte, pelo facto de a fiscalidade que recai sobre o litro de cada um dos combustíveis ser elevada.
Os impostos pesam cerca de 58% no litro da gasolina no retalho, já no "diesel" é de cerca de 47%, o que faz com que uma variação, por exemplo, de 5% nos valores no mercado, nunca se possa traduzir numa variação idêntica no preço pago pelos automobilistas. E esta situação vai agravar-se no arranque do ano com a introdução da Contribuição Rodoviária, a taxa de carbono e o aumento da componente de biocombustíveis que farão aumentar automaticamente o valor de venda ao público.