Notícia
Rússia - Um destino de risco para manter a longo prazo
A queda das acções com a guerra no Cáucaso criou oportunidades. Mas o risco de investir continua alto.
12 de Setembro de 2008 às 07:00
O conflito no Cáucaso contra a Geórgia colocou a Rússia no centro de um tumulto que também chegou aos mercados financeiros. Tido como um dos mais promissores mercados emergentes, a par do Brasil, Índia e China, a Rússia viu, neste último mês, um dos seus maiores riscos enquanto destino de investimento ganhar dimensão de forma incontrolável. A guerra fez disparar o risco político daquele país, o que provocou uma redução histórica do investimento estrangeiro, com efeitos imediatos na bolsa. Contudo, o impacto económico é baixo, mantendo-se os factores que justificam o elevado potencial daquele mercado. Mas agora com uma atracção extra: o baixo preço das cotações. Ainda assim, este episódio trouxe à memória o alto risco do investimento na Rússia, que será sempre um mercado para ficar durante longos anos.
Alarmados pela ameaça de um conflito bélico de maiores proporções, os investidores estrangeiros já retiraram, segundo as estimativas do UniCredit, mais de 19 mil milhões de dólares (o equivalente a 13,26 mil milhões de euros) desde o início do conflito, a 8 de Agosto. O impacto desta retirada massiva de capital no mercado accionista foi imediato. Desde então, o índice russo de referência, o RTS, acumula uma perda que ascende a mais de 24%.
Mas, da mesma forma que esta correcção agravou o sentimento dos investidores, também criou oportunidades. Isto porque o preço das acções ficou bastante mais atractivo. Vários gestores de fundos especializados naquela região vieram mesmo alertar para o facto de a Rússia já ser o mercado emergente mais barato do mundo. Foi o caso Oleg Biryulyov, gestor do JPMorgan Russia, que, à revista “Citywire”, sublinhou que este mercado negoceia com um desconto, o que reforça a sua convicção que a guerra não alterou em nada os fundamentais do investimento. Posição partilhada pelo responsável pela área de mercados emergentes da Schroders, Allan Conway. “A maioria das más notícias já estão incorporadas no preço das acções. Assim que regressar a confiança aos investidores, é certo que o mercado vai valorizar”, sublinhou.
E onde reside a atractividade do mercado russo? O sector petrolífero é a resposta mais imediata, mas aqui o maior potencial já foi captado nos anos recentes. As grandes oportunidades de futuro encontram-se, na opinião dos especialistas, no sector das infra-estruturas. “A história das infra-estruturas na Rússia será a mesma, quer o petróleo esteja nos 50 dólares por barril ou nos 350 dólares”, adianta o gestor do JPMorgan. O optimismo para este sector resulta do plano do governo de modernização de infra-estruturas (construção de estradas, portos, oleodutos, caminhos-de-ferro, etc), no qual se prevê um investimento de um trilião de dólares (698,6 biliões de euros) durante os 10 anos que se avizinham.
Apesar da evidência das oportunidades, investir na Rússia obriga a grande prudência. É um mercado de violentas oscilações, que exige resistência, como comprova o desempenho histórico dos fundos de investimento. Dos seis fundos russos de acções à venda em Portugal, o mais antigo e rentável é o DWS Russia. Se num período de cinco anos, este fundo rende expressivos 17,4%, encurtando o prazo para um ano, o retorno já é bastante negativo (-21,5%). Prova de que a Rússia é um destino para manter a longo prazo.
A maioria do capital está aplicada na Rússia, estando uma parte menor em empresas, sobretudo inglesas, que têm investimentos naquele país. O maior sector da carteira é energia (41%), embora a maior posição individual seja o banco Sberbank Rossii (8%).
Sendo a Rússia um dos emergentes com maior potencial, a par do Brasil, Índia e China, os fundos BRIC são uma opção a ter em conta. Este fundo do HSBC tem nota máxima da Morningstar (5 estrelas) e tem a russa Lukoil entre as maiores participações.
O fundo da Morgan Stanley dedica-se à Europa emergente e Médio Oriente, região onde a Rússia tem um papel preponderante. As três maiores posições do património são, aliás, empresas russas. As empresas de maior dimensão são a principal aposta.
Alarmados pela ameaça de um conflito bélico de maiores proporções, os investidores estrangeiros já retiraram, segundo as estimativas do UniCredit, mais de 19 mil milhões de dólares (o equivalente a 13,26 mil milhões de euros) desde o início do conflito, a 8 de Agosto. O impacto desta retirada massiva de capital no mercado accionista foi imediato. Desde então, o índice russo de referência, o RTS, acumula uma perda que ascende a mais de 24%.
Mas, da mesma forma que esta correcção agravou o sentimento dos investidores, também criou oportunidades. Isto porque o preço das acções ficou bastante mais atractivo. Vários gestores de fundos especializados naquela região vieram mesmo alertar para o facto de a Rússia já ser o mercado emergente mais barato do mundo. Foi o caso Oleg Biryulyov, gestor do JPMorgan Russia, que, à revista “Citywire”, sublinhou que este mercado negoceia com um desconto, o que reforça a sua convicção que a guerra não alterou em nada os fundamentais do investimento. Posição partilhada pelo responsável pela área de mercados emergentes da Schroders, Allan Conway. “A maioria das más notícias já estão incorporadas no preço das acções. Assim que regressar a confiança aos investidores, é certo que o mercado vai valorizar”, sublinhou.
Apesar da evidência das oportunidades, investir na Rússia obriga a grande prudência. É um mercado de violentas oscilações, que exige resistência, como comprova o desempenho histórico dos fundos de investimento. Dos seis fundos russos de acções à venda em Portugal, o mais antigo e rentável é o DWS Russia. Se num período de cinco anos, este fundo rende expressivos 17,4%, encurtando o prazo para um ano, o retorno já é bastante negativo (-21,5%). Prova de que a Rússia é um destino para manter a longo prazo.
Guerra acentua queda da bolsa russa
Evolução do índice RTS em dólares, desce o início do ano
Evolução do índice RTS em dólares, desce o início do ano
Fonte: Bloomberg
Três fundos para aproveitar as oportunidades que a Rússia oferece, mas para ficar durante vários anos
A maioria do capital está aplicada na Rússia, estando uma parte menor em empresas, sobretudo inglesas, que têm investimentos naquele país. O maior sector da carteira é energia (41%), embora a maior posição individual seja o banco Sberbank Rossii (8%).
Sendo a Rússia um dos emergentes com maior potencial, a par do Brasil, Índia e China, os fundos BRIC são uma opção a ter em conta. Este fundo do HSBC tem nota máxima da Morningstar (5 estrelas) e tem a russa Lukoil entre as maiores participações.
O fundo da Morgan Stanley dedica-se à Europa emergente e Médio Oriente, região onde a Rússia tem um papel preponderante. As três maiores posições do património são, aliás, empresas russas. As empresas de maior dimensão são a principal aposta.