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Novos fundos garantem juros superiores em depósitos

Os investidores estão a juntar-se em fundos de investimento para aplicar o dinheiro em depósitos a prazo mais generosos. A força desta união alcança taxas que chegam aos 2,65 por cento. Porém, uma grande parte do rendimento fica pelo caminho.

20 de Outubro de 2010 às 09:00
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A popularidade dos tradicionais fundos de tesouraria e do mercado monetário está em queda. A baixa rendibilidade imposta pelo cenário nas obrigações de curto prazo e pelas taxas de juro de mercado está a afastar os investidores para soluções mais seguras e proveitosas. Nos primeiros 9 meses de 2010, o volume sob gestão desses fundos caiu 41,20 por cento, ficando em 1,9 mil milhões de euros, mostram as estatísticas da Associação Portuguesa de Fundos de Investimento, Pensões e Patrimónios. Há 5 anos, os fundos de tesouraria e do mercado monetário, usados normalmente em aforros de curto prazo, valiam 8,6 mil milhões de euros. O BPI Liquidez, o maior fundo de tesouraria nacional, é um exemplo da fuga dos investidores: depois de ter ultrapassado 950 milhões de euros em Novembro de 2009, tem agora pouco mais de 380 milhões de euros.

Uma das principais alternativas aos fundos de tesouraria e do mercado monetário são os depósitos a prazo. Contudo, a generosidade das taxas oferecidas pelos bancos aos aforradores individuais é limitada. Quem for à Caixa Geral de Depósitos não consegue uma taxa anual superior a 0,8 por cento num depósito tradicional, mesmo que tenha mais de 50 mil euros, indica o Folheto de Taxas de Juro do banco estatal. Todavia, se fizer o "depósito" através do fundo Caixa Fundo Monetário, as taxas de juro anuais chegam aos 2,65 por cento.

O Caixa Fundo Monetário é um dos recentes fundos especiais de investimento que apostam exclusiva ou quase exclusivamente em depósitos da instituição que comercializa o produto de poupança. Muito do dinheiro que está a abandonar os fundos tradicionais de tesouraria e do mercado monetário está a ser canalizados para estes organismos de investimento colectivo. No início de Outubro, os sete fundos especiais de investimento de depósitos valiam 464 milhões de euros. Cinco sextos desse valor estão estacionados no Caixa Fundo Monetário, um veículo que tinha 14 337 participantes no início do segundo semestre.

Especiais porquê?
Os responsáveis pelo Montepio Monetário Plus, o segundo maior fundo deste género, explicam a razão porque estes produtos necessitam de assumir a estrutura de fundo especial de investimento: "No caso especifico do Montepio Monetário Plus, pretendeu-se diversificar o leque da oferta de fundos do Grupo Montepio, permitindo oferecer um fundo com perfil de baixo risco, investido maioritariamente em instrumentos líquidos e de curto prazo, sem incorrer necessariamente na exposição a instituições financeiras fora do Grupo Montepio; dito de outra forma o Montepio Monetário Plus não está, por exemplo, sujeito à limitação de exposição a uma só entidade."

O Regime Jurídico dos Organismos de Investimento Colectivo não permite que os fundos tradicionais invistam mais de 20 por cento da carteira em "valores mobiliários, instrumentos do mercado monetário, depósitos e exposição a instrumentos financeiros derivados fora de mercado regulamentado junto da mesma entidade". Assumindo a forma de fundo especial de investimento, os gestores podem concentrar a carteira em apenas alguns depósitos do mesmo banco. Aliás, no caso do Montepio Monetário Plus, o dinheiro dos participantes estava, no início deste mês de Outubro, num único depósito à ordem a capitalizar à taxa de 1,62 por cento.

Embora os depósitos constituídos pelos fundos especiais de investimento sejam lucrativos face às taxas actuais de mercado, esse ganho não é todo transferido para os aforradores. Além da tributação dos rendimentos, que é efectuada exactamente como se o fundo fosse um particular, é preciso descontar aos juros recebidos pelos fundos as comissões de gestão e de depósito. Assim, é natural que a rendibilidade destes produtos seja bastante mais baixa. No último ano, o ganho líquido destes fundos balanceou entre os 0,57 por cento do Montepio Monetário Plus e os 1,28 por cento do Millennium Extra Tesouraria, o primeiro organismo do género a ser lançado, em Abril de 2007.

Cuidado com as comissões
Os produtos do Millennium bcp são claramente os mais lucrativos do grupo. Porém, os mais antigos já não são atraentes, porque, passado um período inicial, surge uma comissão de subscrição de 2 por cento. Assim, o ganho de 1,28 por cento do Millennium Extra Tesouraria ao longo do último ano teria sido na verdade uma perda de 0,75 por cento. "Por um lado não queremos fechar, em definitivo, a porta aos participantes que no início não tiveram a oportunidade de subscrever; por outro, pretendemos que as novas subscrições não condicionem a nossa proposta e possam, eventualmente, influenciar de forma negativa o objectivo de rendibilidade para os primeiros meses", explicam os responsáveis do banco.

Apenas durante o período inicial é que pode ser vantajoso investir nos fundos especiais de investimento em depósitos do Millennium bcp. Actualmente, isso acontece com o Millennium Extra Tesouraria III: o fundo pretende ganhar uma taxa anual líquida de 1,75 por cento nos primeiros 6 meses e só a partir de 2011 é que se inicia a cobrança de uma comissão de subscrição de 2 por cento. Os anteriores 3 fundos do género do Millennium bcp sempre conseguiram alcançar os objectivos propostos para os primeiros meses.






Pense duas vezes antes de subscrever

A comissão de subscrição de dois por cento dos fundos do Millennium bcp eliminam completamente as rendibilidades. Além disso, são alvo de comissões de resgate se o prazo do aforro for inferior a 365 dias (120 dias no caso do Millennium Monetário Semestral). O Caixa Fundo Monetário pode ter uma comissão de resgate se o prazo for inferior a sete dias.








Tesouraria continua volátil

O desempenho dos fundos de tesouraria e do mercado monetário é muito díspar:as rendibilidades anuais vão de 0,11 por cento negativos a 3,64 por cento.

Os fundos especiais de investimento de depósitos, que procuram transferir elevadas taxas de juro de depósitos para os aforradores através de economias de escala, podem não ser interessantes face à oferta de fundos tradicionais de tesouraria e do mercado monetário. Enquanto, em média, os fundos especiais de investimento renderam 0,88 por cento nos últimos 12 meses, os fundos de tesouraria e do mercado monetário lucraram 1,03 por cento. No entanto são mais voláteis.

A rendibilidade dos produtos das classes de tesouraria e do mercado monetário, que investem maioritariamente em valores mobiliários, instrumentos do mercado monetário e depósitos bancários que se vencem num prazo máximo de 1 ano, ficou entre -0,11 por cento e 3,64 por cento nos últimos 12 meses. A melhor marca foi do Millennium Disponível, comercializado em ActivoBank e pelo Millennium bcp. Os gestores do Popular Tesouraria, o pior do grupo, não justificaram a perda de 1 por cento no segundo trimestre de 2010 no relatório semestral do fundo. No entanto, os gestores do Barclays Premier Tesouraria, o segundo pior fundo, explicam que "o baixo nível das taxas de juro, o alargamento dos prémios de risco generalizado durante a primeira metade do ano e a exposição a dívida de empresas portuguesas, fortemente penalizadas pelo contágio da crise grega aos restantes países do sul da Europa, foram os principais responsáveis pela performance negativa nos primeiros seis meses do ano". No primeiro semestre de 2010, o Barclays Premier Tesouraria desvalorizou 0,71 por cento.





Ganhos médios de 1%

Dois fundos de tesouraria, do Barclays e do Banco Popular, perderam dinheiro no último ano.







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