Outros sites Medialivre
Notícias em Destaque
Notícia

Fundos à prova da subida dos preços

Após um período de ritmo negativo no crescimento dos preços, as pressões inflacionistas voltam a ameaçar os retornos reais dos investidores. Com o aumento dos preços das matérias-primas e dos custos de produção, muitos activos não conseguem oferecer taxas de rentabilidade acima do índice de preços no consumidor. As obrigações indexadas à inflação permitem-lhe acompanhar a evolução dos preços.

Fundos à prova  da subida dos preços
13 de Julho de 2011 às 08:00
  • ...
A inflação está no topo das preocupações dos investidores. Enquanto os receios em torno da dívida soberana na Zona Euro continuam a penalizar grande parte dos activos, as perspectivas de subida generalizada dos preços ameaça ceifar os já modestos retornos de muitos investidores. O investimento em obrigações indexadas à inflação permite-lhe proteger as suas poupanças da subida da inflação e evitar a perda real de rendimento.

O Banco Central Europeu aumentou na semana passada os juros pela segunda vez em três meses, para 1,5%, com o objectivo de travar a subida da inflação, que se prevê que supere os 3% este ano em Portugal. As pressões inflacionistas têm levado o presidente da autoridade monetária, Jean-Claude Trichet, a reiterar o empenho das autoridades em controlar a subida do índice de preços no consumidor.

"Acreditamos que faz sentido cobrir os riscos de inflação, especialmente agora que os custos de protecção da inflação corrigiram", adiantou ao Negócios Tanguy Saout, responsável pela área de crédito "investment grade" da Pioneer Investments. De acordo com o responsável, "as obrigações indexadas à inflação têm o seu cupão e princípios ligados ao índice da inflação, o que fornece a cobertura perfeita".

As obrigações indexadas à inflação oferecem protecção contra a inflação, pois remuneram a uma taxa idêntica ao índice de preços no consumidor. As americanas Treasury Inflation Protected Securities (TIPS) são um exemplo destas obrigações.

Andy Weir, gestor do Fidelity Global Inflation-Linked Bond, um dos melhores fundos da classe, citado pelo Citywire, defende que os investidores devem analisar os mercados globais para aceder às melhores oportunidades para tirar proveito da inflação. "Um gestor global tem a capacidade de identificar obrigações indexadas à inflação em países como o Canadá e a Austrália", realçou o gestor, acrescentando que "devido à elevada influência das matérias-primas e dos recursos destas economias, estas obrigações estão muito alinhadas com as subidas dos preços das matérias-primas". Deste modo, é possível "proteger os investidores deste tipo de inflação".

Já Tanguy Saout destaca que à medida que os mercados desenvolvidos estão a sair da recessão, "a contribuição negativa para a inflação da falha na produção está a desaparecer", pelo que, "os produtores estão mais confiantes em passar o aumento dos custos da produção para os consumidores finais, em vez de aceitar margens de lucro mais apertadas".

Desde o início do ano, os preços do petróleo sobem 24% no mercado londrino, uma tendência que tem sido acompanhada por outras matérias-primas, nomeadamente agrícolas. O índice da Reuters/Jefferies CRB para as matérias-primas valoriza 4% em 2011.

Com o custo de vida a aumentar é imperativo conseguir taxas de retorno superiores à subida dos preços, para evitar perda de poder de compra. Ou seja, se as suas poupanças estiverem num depósito a render uma taxa líquida de 2,5% e a inflação subir 3%, na prática, o seu investimento vai ter uma perda real de 0,5%.

O gestor da Pioneer Investments acredita que os actuais níveis oferecidos pelas obrigações indexadas à inflação oferecem valor a médio prazo. Tanguy Saout acrescenta ainda que, tradicionalmente, os investidores elegem as acções, o ouro e o imobiliário para se protegerem da inflação, porém estudos recentes mostram que estes activos já não oferecem uma correlação perfeita com o índice de preços.

O principal risco do investimento é a recuperação da economia falhar, num momento em que permanecem muitos problemas nas economias periféricas da Zona Euro, e as previsões para a subida da inflação se mostrarem erradas.

Ver comentários
Saber mais Investidor Privado Inflação
Outras Notícias
Publicidade
C•Studio