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Cimpor: E depois da OPA?
No final do ano passado, o mercado nacional foi apanhado de surpresa pela oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela CSN sobre a Cimpor. Em poucos dias, várias foram as companhias que assumiram o seu interesse pela cimenteira nacional. As...
Cimpor | A empresa liderada por Ricardo Bayão Horta tem agendada para 11 de Maio a assembleia geral anual.
Mais de metade do seu capital está agora nas mãos de concorrentes da cimenteira no Brasil
No final do ano passado, o mercado nacional foi apanhado de surpresa pela oferta pública de aquisição (OPA) lançada pela CSN sobre a Cimpor. Em poucos dias, várias foram as companhias que assumiram o seu interesse pela cimenteira nacional. As movimentações destas empresas propiciaram o fracasso da operação lançada pela companhia brasileira. E, depois de todos estes desenvolvimentos, após a profunda alteração na sua estrutura accionista, o que se espera da Cimpor?
A instabilidade da estrutura accionista sempre foi uma das características da empresa liderada por Ricardo Bayão Horta. Ao longo da sua história, vários rumores e conflitos se foram evidenciando. Uma característica que, muitas vezes, acabou por ter reflexo na evolução das acções. Terminada a OPA lançada pela brasileira CSN, a Cimpor conta agora com uma estrutura accionista bastante diferente, que volta a trazer receios de instabilidade. Actualmente, mais de 50% do capital da empresa é detido por companhias concorrentes da Cimpor no Brasil.
Em Dezembro do ano passado, a empresa liderada por Benjamin Steinbruch ofereceu 5,75 euros por cada acção da cimenteira. Já em Fevereiro a companhia brasileira reviu em alta a contrapartida para os 6,18 euros e reduziu a condição do sucesso da proposta de aquisição para a obtenção de 33% do capital, mais uma acção. Apesar das alterações na oferta, a operação acabou por não ter sucesso, com a CSN a obter a intenção de venda de apenas 8,6% do capital . A conclusão desta operação deu-se depois de duas empresas, também brasileiras, terem comprado posições na cimenteira a um valor superior ao oferecido pela CSN.
A Camargo Corrêa detém agora 28,6% da Cimpor, depois de ter adquirido as posições da Teixeira Duarte e da Bipadosa. Antes disso, a também brasileira Votorantim chegou a acordo com a Lafarge e a Cinveste passando a deter uma participação de 21,2%, mas controla 30,8% após o acordo parassocial assinado com a Caixa Geral de Depósitos (CGD). A forma como os novos accionistas da empresa vão gerir as relações e os seus interesses deverá ser um aspecto a ter em conta no futuro.
Um dos principais pontos fortes da cimenteira reside na sua diversificada exposição internacional, uma vez que a empresa concilia a presença em mercados emergentes com a presença em países desenvolvidos. A Cimpor é uma das empresas mais internacionalizadas da bolsa nacional estando presente em dozes países, para além de Portugal. Esta exposição tem permitido à empresa ultrapassar conjunturas macroeconómicas difíceis. Como afirmou o Caixa BI, que tem a cobertura da Cimpor restrita, numa nota recente, "a exposição a economias emergentes e com potencial de crescimento económico permite ao grupo proteger-se de resultados mais fracos de economias mais maduras, como Portugal e Espanha". As acções da companhia apresentam um potencial de valorização de 38,2% face ao preço-alvo médio de 7,78 euros, tendo em conta a cotação de fecho de sexta-feira.