Notícia
Alemanha: bombeiro pirómano?
Estará a Alemanha a tornar-se o pior inimigo do euro? Aparentemente sem qualquer consideração de psicologia ou diplomacia económica, o governo de Angela Merkel continua a deitar mais lenha para a fogueira dos ataques à moeda única.
Estará a Alemanha a tornar-se o pior inimigo do euro? Aparentemente sem qualquer consideração de psicologia ou diplomacia económica, o governo de Angela Merkel continua a deitar mais lenha para a fogueira dos ataques à moeda única. Depois de ter dado a ilusão do bom senso, a Alemanha optou por uma postura de firmeza, requerendo uma validação prévia pelo seu parlamento, de todos os "cheques" passados pelo Fundo de Estabilização Financeira. Também decidiu tomar medidas unilaterais de limitação dos movimentos financeiros a descoberto, medida mais simbólica do que eficaz tendo em conta a dimensão limitada da praça de Frankfurt nos movimentos financeiros, nomeadamente em relação à Londres ou Nova-Iorque.
A capacidade de reacção, rápida e forte, do Fundo de Estabilização Financeira, constitui a sua principal arma para estabilizar o euro e a dívida dos Estados enfraquecidos. A postura alemã vem torná-lo num lindo brinquedo para especuladores, que vão poder continuar a jogar às escondidas e aproveitar da lentidão de reacção das defesas do euro para ganhar fortunas.
As forças centrífugas a operar no seio da Zona Euro são hoje gigantescas, e o papel da Alemanha é crucial para evitar a destruição do euro. Mas será, mesmo, que os alemães se tornaram cegos? Conscientemente ou não, o caminho perigoso seguido pela moeda única poderá ser a salvação das nossas economias.
Os esforços de contenção dos défices dos portugueses, gregos e espanhóis, entre outros, já vão para além do razoável para muitos economistas. Foi tomado o risco das medidas de redução dos défices serem contra-produtivas, pelos efeitos negativos sobre o crescimento e, por tabela, a receita fiscal. O principal problema da Europa, e de países como Portugal, Espanha e a Grécia, não está no seu nível de endividamento, mas sim na sua capacidade em criar riqueza.
Neste contexto, a desvalorização súbita do euro constitui a melhor "prenda de natal" que um mês de Maio podia trazer. Um euro próximo da paridade com o dólar vai ajudar a economia europeia a desenvolver-se, não apenas pelo consumo e o endividamento, mas sim pela exportação de bens e serviços. A Alemanha sempre foi apologista de uma moeda forte, não por complexo de superioridade, mas por ter uma indústria cuja competitividade se baseia na qualidade dos seus produtos e não em preços baixos.
Num reflexo egoísta, e felizmente contra produtivo, está a tentar manter essa postura. Países como o nosso precisam de um euro mais fraco para poder ter alguma hipótese de competir em áreas como a indústria têxtil, os móveis, o turismo, entre muitos outros.
Existem duas condições indispensáveis para uma resolução pacífica do problema da dívida: eliminar o défice do Estado e ter um crescimento, em termos absolutos, superior à taxa de juros pedida pelo mercado. A resolução do primeiro factor pode ser "decretada", com o custo de um apertar de cinto doloroso para os mais vulneráveis. O segundo necessita de decisões muito mais corajosas e requer expurgar a economia dos seus proteccionismos e corporativismos.
A Alemanha está, sem querer, a estender-nos uma mão amiga. Convém não cuspir nela.
Administrador da optimize
A capacidade de reacção, rápida e forte, do Fundo de Estabilização Financeira, constitui a sua principal arma para estabilizar o euro e a dívida dos Estados enfraquecidos. A postura alemã vem torná-lo num lindo brinquedo para especuladores, que vão poder continuar a jogar às escondidas e aproveitar da lentidão de reacção das defesas do euro para ganhar fortunas.
Os esforços de contenção dos défices dos portugueses, gregos e espanhóis, entre outros, já vão para além do razoável para muitos economistas. Foi tomado o risco das medidas de redução dos défices serem contra-produtivas, pelos efeitos negativos sobre o crescimento e, por tabela, a receita fiscal. O principal problema da Europa, e de países como Portugal, Espanha e a Grécia, não está no seu nível de endividamento, mas sim na sua capacidade em criar riqueza.
Neste contexto, a desvalorização súbita do euro constitui a melhor "prenda de natal" que um mês de Maio podia trazer. Um euro próximo da paridade com o dólar vai ajudar a economia europeia a desenvolver-se, não apenas pelo consumo e o endividamento, mas sim pela exportação de bens e serviços. A Alemanha sempre foi apologista de uma moeda forte, não por complexo de superioridade, mas por ter uma indústria cuja competitividade se baseia na qualidade dos seus produtos e não em preços baixos.
Num reflexo egoísta, e felizmente contra produtivo, está a tentar manter essa postura. Países como o nosso precisam de um euro mais fraco para poder ter alguma hipótese de competir em áreas como a indústria têxtil, os móveis, o turismo, entre muitos outros.
Existem duas condições indispensáveis para uma resolução pacífica do problema da dívida: eliminar o défice do Estado e ter um crescimento, em termos absolutos, superior à taxa de juros pedida pelo mercado. A resolução do primeiro factor pode ser "decretada", com o custo de um apertar de cinto doloroso para os mais vulneráveis. O segundo necessita de decisões muito mais corajosas e requer expurgar a economia dos seus proteccionismos e corporativismos.
A Alemanha está, sem querer, a estender-nos uma mão amiga. Convém não cuspir nela.
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