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Maior fundo do mundo reduz aposta nas ações e obrigações portuguesas
O valor dos investimentos do Norges Bank no mercado português diminuiu mais de 17%, uma evolução que foi transversal. A exposição a Portugal foi reduzida quer nas ações quer nas obrigações.
O Norges Bank terminou 2018 com quase 1,5 mil milhões de dólares investidos em ativos portugueses, um valor que corresponde a uma queda de 17,3% face a 2017, um ano recorde para os investimentos do maior fundo soberano do mundo em Portugal.
No mercado acionista, o Norges Bank reduziu em quase 200 milhões de dólares o valor do seu investimento, sendo que mais de metade deste montante corresponde a apenas quatro cotadas: EDP, Jerónimo Martins, Navigator e BCP.
É certo que parte desta queda está relacionada com a própria desvalorização das ações em bolsa em 2018. Mas não é a única justificação. A variação total da bolsa nacional foi de uma queda de 6,53%, ou seja, bastante inferior à redução de 17% dos investimentos do Norges Bank em Portugal.
Destaque para a aposta do fundo na Mota-Engil, que passou a deter quase 4% do capital da construtora. O valor total da sua exposição a esta cotada até diminuiu 4,5%, mas, neste caso, esta evolução é explicada unicamente pela descida acentuada (56%) das ações em bolsa.
O Norges Bank detinha no final do ano passado participações em 21 cotadas nacionais, menos uma do que em 2017, uma vez que saiu do BPI, onde tinha 0,16% do capital. E em apenas três casos a evolução foi positiva: Altri (cujas ações subiram mais de 12% no ano passado); Sonaecom e Sonae Indústria (com o fundo a aumentar efetivamente a sua participação nestas empresas).
Já sobre a exposição à dívida, o Norges Bank pôs fim ao investimento em obrigações do BCP, quando em 2017 detinha mais de 18 milhões de euros de dívida desta instituição. E reduziu a sua aposta em todas as instituições, com a maior quebra em volume a ser verificada na dívida soberana (-48,46 milhões de euros), seguida do Santander Totta (-33,86 milhões).
2018 não se revelou um ano positivo para os investimentos deste fundo, com o retorno a ser negativo em 6,1%, quando analisados os dados em coroas norueguesas, revelou esta quarta-feira, 27 de fevereiro, o Norges Bank. O retorno conseguido com as apostas no mercado de ações mundial foi de -9,5%, uma descida que em parte foi compensada pelos aumentos dos investimentos imobiliários (7,5%), bem como de dívida (0,6%).
E este contexto levou mesmo a que o Norges Bank registasse prejuízos em 2018, o que já não acontecia há sete anos. O fundo soberano da Noruega justifica estes números precisamente com a volatilidade dos mercados bolsistas, destacando o impacto da guerra comercial entre os EUA e a China.