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Gestão de activos - A First Portuguese fala do que foi 2004 e dos seus objectivos para o ano que ainda agora arrancou

O ano que passou foi de consolidação para a First Portuguese. Mas o crescimento em 2005 continuará a ser marcado pela cultura que marca a casa: a inovação.

04 de Fevereiro de 2005 às 06:26
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Depois de um ano em que o fundo de investimento do FC Porto gerou um retorno de 37% e em que os resultados líquidos cresceram 82% em termos comparáveis, a First Portuguese prevê a continuação da inovação no lançamento de novos produtos, como um fundo florestal e mais apostas nos jogadores de futebol, mas agora em mercados como a Holanda, Espanha, Alemanha ou Brasil. Em entrevista ao Jornal de Negócios, o administrador Luís de Freitas e o director de novos negócios Pedro Pires explicam como vai ser o crescimento da casa de investimento em 2005. Podendo o mesmo passar por uma estratégia de aquisições...

Qual o balanço do ano de 2004 em termos de actividade?

Alargámos as áreas de negócio, quer na gestão discricionária quer consolidando as parcerias na área dos fundos fora do mercado português, com parcerias de nome internacional e reconhecido na área dos «hedge funds».

Nós reestruturámos, em 2004, dois «hedge funds», o Multi-Manager, onde passámos a ter uma parceria com a Soc-Gen e o Pragamatic Fund, onde estabelecemos uma parceria com uma casa americana, ambas respeitadíssimas no meio a nível mundial. Ficámos com uma oferta bastante mais sólida, sendo que o terceiro fundo é o mais antigo, o Opportunity Fund (1999), e que tem uma parceria GLG Partners que também tem um «know how» reconhecido.

Na gestão de carteiras para o alto rendimento, fez-se uma reformulação da oferta por forma a abranger activos de uma forma global. Mas inclui não só fundos tradicionais como também combina com investimentos alternativos, os «hedge funds».

Esta combinação permite reduzir a volatilidade das carteiras para um determinado rendimento objectivo, porque os investimentos alternativos têm uma baixa correlação com os activos tradicionais.

O outro ponto importante foi identificar o risco que cada um dos clientes está disposto a assumir.

Quais os activos sob gestão em 2004 e os principais indicadores financeiros?

O volume sob gestão manteve-se em relação a 2003 nos 160 milhões de euros. Esta evolução foi positiva porque houve uma maior dispersão do peso dos activos nas três áreas de negócio: gestão discricionária, fundos de futebol e fundos fora de Portugal. Por outro lado, em termos de total de «fees» (comissões líquidas) crescemos 15% para 2,8 milhões de euros e 7% em número de clientes para cerca de 300.

A evolução de 2004 para 2003 deve ter em consideração o ano anterior. De 2002 a 2003 crescemos, em activos sob gestão, 27,5%. De 2003 para 2004 mantivemos os activos sob gestão e os lucros também ficaram pouco alterados, dos anteriores 529 mil euros para os 526 mil euros em 2004.

Com uma grande diferença: em 2004, os lucros gerados foram todos do «core business», enquanto em 2003, os lucros incluíam ganhos de operações financeiras. Até 2003, os lucros de operações financeiras tinham peso nos resultados, e em 2004 a geração destes lucros não tem impacto nos resultados.

Qual então o valor das operações financeiras em 2003?

Foi de 350 mil euros (um aumento dos lucros em termos comparáveis de 82% em 2004). De acordo com a APPFIP, a nossa sociedade gestora de patrimónios tem cerca de 16,8% de quota de mercado na área dos clientes particulares em 2004.

E o desempenho dos fundos?

Entre o mínimo e o máximo, andámos entre os 3%de rentabilidade líquida e os 10%.

Podem especificar?

Nesta última carteira (10%) era predominantemente de acções. Na mais baixa era o oposto, ou seja, aposta predominantemente em instrumentos de baixo risco sobre obrigações e «hedge funds» de baixo risco.

De qualquer das maneiras, tivemos um retorno global acima da média do mercado. Nas acções, a «performance» de 16% ficou acima do «benchmark» mundial que utilizamos, o MSCI World, que somou 9% em 2004.

Em termos de «hedge funds», o HFR («Funds of funds») Diversify é o índice que usamos como referência e teve um desempenho de 6,7% e aqui, o nosso fundo – Opportunity Fund – gerou um retorno de 5,1%.

Quais são os vossos objectivos para 2005?

Na gestão discricionária, o objectivo é crescer claramente acima do mercado e estudar potenciais aquisições.

Em que moldes?

Estudar, dentro de outras instituições e «small houses» no mercado, as formas que temos de criar alianças ou parcerias muito fortes com aquisições das mesmas.

Quais os mercados a explorar?

Os mercados próximos são os que nos interessam mais: Portugal e Espanha. Queremos também consolidar as parcerias nos fundos que estamos a gerir fora, os não regulamentados «hedge funds».

A parceria com a GLG está bem consolidada, mas as outras duas, que têm um ano, é onde queremos reforçar o nosso compromisso.

Ainda dentro dos fundos de investimento, queremos lançar dois harmonizados, com uma vertente mais inovadora e mais diferenciada face à oferta que existe no mercado.

Qual o tipo de fundos a lançar?

Um deles será de acções. Estamos a estudar neste momento os mercados potencialmente mais importantes para podermos categorizar o fundo. O outro gostaríamos que fosse vocacionado para activos na Península Ibérica.

Qual os retornos dos vossos fundos de futebol?

O fundo do Porto teve uma valorização de 37% desde meados de Maio – altura do seu lançamento – até final do ano passado. O do Sporting mantém uma valorização média anual superior a 20% desde a sua constituição, depois de ter corrigido ligeiramente o ano passado.

Qual o retorno do fundo do Sporting apenas em 2004?

Teve um retorno negativo de 9%, derivado do facto de não terem havido transferências de jogadores ao longo do ano. Mas para o fundo com as características que tem, uma rentabilidade anual média superior a 20% nos últimos três anos supera os objectivos que delineámos.

Qual o ponto de situação das parcerias a desenvolver para o lançamento de mais fundos de jogadores de futebol?

Estamos mais avançados na Holanda, e mantemos contactos preliminares na Alemanha, Espanha e Brasil. Queremos expandir esta área de negócio através de parcerias locais. Também contratámos uma pessoa em 2004 para dinamizar esta área. Estamos a finalizar um processo junto da CMVM para lançar um Fundo Especial de Investimento (FEI) – um fundo de fundos de jogadores.

E vai haver novos projectos?

Continuamos a estudar a oportunidade de lançamento de novos fundos que apresentem um binómio risco / rentabilidade claramente acima do que se verifica noutros fundos. Temos vindo a estudar o lançamento de um fundo florestal e, nos últimos tempos, fizemos uma parceria com uma empresa espanhola – líder no seu mercado – neste ramo que já gere cerca de 3.500 hectares de floresta e detém mais de 7 mil investidores, a Bosques Naturales.

E temos igualmente contactado algumas entidades em Portugal para avançar com este projecto.

Com o fundo florestal queremos um produto de longo prazo e de baixo risco que deverá gerar retornos entre os 6% e os 9%ao ano. Estamos a apostar em madeiras nobres – nogueira e cerejeira – em que as zonas onde melhor se dão são bastante limitadas em Portugal. São espécies que necessitam de bastante água, pelo que estamos a analisar a zona do Ribatejo e mais para norte. Este fundo terá como investidores alvo os institucionais – como fundos de pensões – porque têm um padrão de investimento de longo prazo com activos que não se encontram correlacionados com os activos financeiros tradicionais. Escolhemos a madeira porque é uma das matériasprimas que, a médio prazo, tem uma curva de procura crescente significativa.

Com as alterações climáticas e a proliferação de fogos que assolam o país em cada Verão, como poderão garantir um baixo risco neste tipo de investimento?

Estamos perfeitamente salvaguardados por várias razões. A forma como, em Portugal, a propriedade está muitíssimo equipada ao nível de infra-estruturas minimiza esse risco que se torna quase marginal. A rega é feita gota a gota, mantendo a propriedade com um elevado grau de humidade constante. Entre as árvores, o terreno está limpo de mato e existem bocas de incêndio em cada 150 metros e ainda temos um seguro que, com todas estas medidas, quase se torna redundante.

Quanto pretendem colocar neste fundo florestal?

Estimamos arrancar com 30 milhões de euros.

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