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"Se o petróleo chegar aos 200 dólares, haverá uma recessão mundial"

James Williams, analista norte-americano da WTRG Economics, diz ao Jornal de Negócios que os preços do petróleo podem subir ainda mais se não houver um aumento da capacidade de produção. E que haverá recessão mundial se as cotações chegarem aos 200 dólare

07 de Maio de 2008 às 00:20
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James Williams, analista norte-americano da WTRG Economics, disse ao Jornal de Negócios que os preços do petróleo podem subir ainda mais se não houver um aumento da capacidade de produção. E que haverá recessão mundial se as cotações chegarem aos 200 dólares.

Os preços do crude podem subir ainda mais?

Sim, é perfeitamente possível que aumentem. No entanto, se houvesse três a quatro milhões de barris diários de capacidade extra de produção, a componente especulativa nos preços seria fortemente reduzida. As cotações poderiam cair para os 80 dólares ou menos.

E essa capacidade extra pode ser atingida?

Penso que em finais deste ano, ou no início do próximo, seja possível que a "spare capacity" se aproxime dos três milhões de barris por dia.

Quais as principais razões para os actuais preços recorde?

São essencialmente quatro. Em primeiro lugar, o dólar mais fraco explica um terço deste aumento. Em segundo lugar, a capacidade extra da oferta está actualmente abaixo dos dois milhões de barris por dia, o que significa que a indústria da produção de petróleo está a um ritmo de cerca de 97% de utilização. Esta menor capacidade deve-se ao investimento insuficiente na exploração. As petrolíferas internacionais não estão a investir a um ritmo que se coadune com os preços porque os países onde fazem a exploração continuam a canalizar uma enorme percentagem das receitas brutas para "royalties" mais elevadas, impostos mais altos, ou ambos.

Em terceiro lugar, a falta de capacidade extra intensifica o potencial impacto de uma suspensão da produção (Nigéria, Iraque, Venezuela, Irão ou outro furacão devastador no Golfo do México).

Por último, o risco associado a essa falta de capacidade e a inexistência de investimentos atractivos além do petróleo e outras "commodities", aumentou o número de especuladores no mercado petrolífero. A maior procura "barris de papel" aumenta o preço no mercado, o que, por sua vez, tem impacto sobre o consumidor.

E a procura continua a aumentar...

Sim. E temos assistido também a um forte aumento da procura por parte de países menos desenvolvidos, especialmente da Ásia e de nações produtoras de crude. A Índia, a China e praticamente todos os membros da OPEP controlam o preço dos combustíveis, fixando-o abaixo do preço de mercado. Isso aumenta a taxa de crescimento do consumo. A eliminação desses subsídios contribuiria para abrandar a procura, o que quebraria os preços.

Com o crude nos 200 dólares por barril, o que pode acontecer à economia?

Se lá chegar, haverá uma recessão mundial. A OPEP em particular, e o petróleo em geral, perderão quota de mercado para outras fontes energéticas e acelerarão o desenvolvimento de veículos eléctricos. Mas a electricidade pode ser gerada a partir de outras fontes, como o carvão, nuclear, hidráulica e da biomassa.

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