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Reacção musculada de Ancara preocupa investidores

A lira turca até deu sinais de recuperação esta segunda-feira. Mas os analistas continuam com um pé atrás em relação ao futuro da economia e dos mercados financeiros da Turquia.

Presidente Erdogan em conferência de imprensa na noite do golpe
Reuters
18 de Julho de 2016 às 21:32
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A lira turca até deu sinais de recuperação esta segunda-feira. Mas os analistas continuam com um pé atrás em relação ao futuro da economia e dos mercados financeiros da Turquia. Apesar da recuperação da divisa, a bolsa de Istambul esteve sob pressão e o risco da dívida do país aumentou.

"A Turquia perdeu prestígio. Apesar de ter falhado, a tentativa de golpe contribuirá para a recente percepção do país ser inseguro e perigoso", referiram os analistas do Erste Bank, numa nota a investidores. Acrescentaram que os sectores do turismo, da aviação e da banca estariam entre os mais penalizados.

Também a a reacção de Erdogan, que prometeu mão pesada, causa preocupações. "Erdogan está a usar a revolta como uma desculpa para reprimir os adversários políticos.  Com a economia turca já pressionada pelo turismo mais fraco e com o aumento da incerteza sobre as relações da Turquia com a UE e os EUA, a volatilidade continuará elevada", defenderam os analistas do SEB, numa nota a investidores.

A lira até avançou 1,77% face ao dólar, depois de ter perdido mais de 4% na passada sexta-feira. Mas a bolsa de Istambul sucumbiu. Perdeu 7,08% esta segunda-feira.  Já o custo de comprar protecção para um eventual incumprimento na dívida soberana turca subiu 10% para 247,2 pontos. Ainda assim, o risco está abaixo do de Portugal, com estes instrumentos a terem um valor de 288 pontos.

Apesar do novo foco de tensão, nos mercados globais não houve grande impacto. Mas houve excepções. Foi o caso do BBVA, que tem uma presença relevante no país, e que viu as acções perderem 2,81%.

O banco central turco já anunciou que está disponível a injectar liquidez no sistema financeiro e a segurar a lira. E Mehmet Simsek , o vice primeiro-ministro, garantiu nas redes sociais que "não há razões de preocupação". Defende que a situação está a normalizar-se rapidamente e que "as fundações macroeconómicas são sólidas".

Mas para os analistas de riscos políticos da Eurasia, citados pela Bloomberg, "o clima político será ainda mais opressivo e autoritário". E concluem: "Com uma tentativa de golpe desta dimensão e com os investidores já cautelosos devido a crises que ocorreram no passado, o cepticismo em relação ao clima de negócios e à capacidade do governo em manter a estabilidade macroeconómica será ainda maior".

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