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Protestos em Hong Kong sobem de tom. Mercados afundam

Manifestações em Hong Kong contra a lei de extradição para a China começaram a 31 de março e prosseguem nas ruas da antiga colónia britânica. Principal índice do país tombou quase 12% desde então.

Reuters
26 de Agosto de 2019 às 12:19
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O Hang Seng, índice que agrupa as cotadas de Hong Kong, liderou as quedas de hoje entre os principais mercados asiáticos ao cair 2,9%. Apesar do cenário geral de quedas no continente, precipitado pela dura guerra comercial entre os EUA e a China, que dura há mais de um ano, o índice do país tem avolumado as maiores quedas desde que os protestos começaram.

As manifestações em Hong Kong, que passou para administração chinesa em 1997, contra a lei de extradição para a China, começaram no final de março, mas conheceram o seu auge a 9 e 16 de junho, quando quase 2 milhões de pessoas se fizeram ouvir nas ruas, naqueles que foram os maiores protestos da história do país. Entretanto a lei foi suspensa, mas não retirada.

O tom dos protestos voltou a aumentar recentemente – numa altura em que os confrontos entre manifestantes e polícia entraram no seu 12.º fim de semana consecutivo – e a China já admitiu o uso da tropa chinesa para tentar pôr fim à turbulência nas ruas.

Neste fim de semana, como resposta às novas negociações entre a chefe executiva do país Carrie Lam e restante comitiva para pôr fim à turbulência, os protestos começaram de forma pacífica, mas rapidamente se intensificaram. A polícia usou armas de fogo e canhões de água contra os manifestantes pela primeira vez. Foram detidas mais 65 pessoas com idades entre os 12 e os 52 anos.

A situação tem-se feito sentir nos mercados de ações um pouco por toda a Ásia, sentimento que foi reforçado no índice de Hong Kong.

Desde 31 de março, data em que se começaram a ouvir os primeiros protestos, até ao dia de hoje, o valor do Hang Seng caiu quase 12% para os 25.680,33 pontos. No mesmo período, o índice global asiático, que agrega as principais cotadas na região, excluindo o Japão , perdeu 8,7% para os 605,98 pontos.   

"Não vejo o fim do atual ciclo de desaceleração nas ações de Hong Kong", disse Ben Kwong, diretor executivo da KGI Asia Ltd, à Bloomberg. "Hong Kong está a liderar as quedas de hoje porque está a ser afetado por problemas domésticos e externos".

Os prolongados protestos em Hong Kong e os avanços e recuos nas negociações comerciais entre a China e os EUA têm baralhado e pressionado os mercados do continente asiático, e pesado também no yuan. A moeda chinesa atingiu hoje mínimos de 11 anos ao desvalorizar para 7,164 yuans por dólar.

Atualmente, o conflito entre cidadãos e o governo de Hong Kong já tem por base outras reivindicações para lá da lei de extradição. O movimento protestante apresenta quatro novos pontos principais: querem que o Governo deixe de considerar os protestos como motins; querem que as acusações contra manifestantes sejam retiradas; querem que se investigue o uso da força policial durante os protestos; e querem que sejam os eleitores de Hong Kong a eleger diretamente os seus líderes, para acabar com a interferência de Pequim no processo.

 

O início do conflito: um homicídio em Taiwan

Depois de vários anos de negociações, em 1997, Hong Kong deixou de estar sob alçada do domínio britânico e passou para a administração da República Popular da China através de uma Declaração Conjunta, que determinou também que Portugal entregaria Macau à China, nos mesmos moldes. 

No entanto, apesar de passar a ser a China a controlar ambos os territórios, a declaração previa que durante 50 anos – até 2047 – Hong Kong e Macau tivessem quase total autonomia. Para além de leis próprias e da maneira de viver dos cidadãos não ser alterada, os dois países tinham também um sistema jurídico e político próprios.

Em fevereiro deste ano, um cidadão de Hong Kong suspeito de homicídio em Taiwan viria a ser o gatilho para o espoletar dos violentos protestos no país contra a lei de extradição para a China. O projeto de lei, proposto pelo Governo de Hong Kong, iria permitir que os tribunais e o próprio Governo extraditassem os suspeitos de crimes para a China continental.

A proposta, já suspensa, está na origem de toda a turbulência, uma vez que os opositores da mesma temem perder a liberdade e independência, uma vez que, segundo várias organizações de defesa dos direitos humanos, a detenção arbitrária e a tortura são recorrentes no sistema judicial chinês.


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