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Mercados, Povo e Bruxelas. Mariano Rajoy entre a espada e a parede

Em Espanha, o dia nos mercados foi tão turbulento quanto os protestos de ontem nas ruas de Madrid. Os juros da dívida a 10 anos dispararam para mais de 6% e a bolsa afundou quase 4%. Rajoy admite que pode ter de pedir acesso aos fundos de resgate europeus.

26 de Setembro de 2012 às 18:23
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Em Espanha, os cidadãos saem à rua em protesto contra as medidas de austeridade e a Catalunha defende a sua soberania, tendo agendado eleições antecipadas para 25 de Novembro. O Orçamento do Estado para 2013, que está a ser delineado num clima de revolta popular, e a indecisão de Rajoy em pedir ajuda externa, são pontos de fricção.

Os mercados reagem em consonância: os juros da dívida disparam e a bolsa afunda. Os olhares dos investidores estão concentrados em Espanha, em mais uma semana difícil para o país.

Hoje, as yields das obrigações soberanas espanholas a 10 anos registaram a subida mais acentuada deste mês, terminando nos 6,064%. Os actuais níveis da dívida a 10 anos estão muito próximos dos registados antes de o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, se ter disponibilizado para comprar obrigações espanholas e de outros países da Zona Euro em dificuldades, na condição de pedirem primeiro assistência a um dos fundos de resgate, recorda a Bloomberg.

Entretanto, o primeiro-ministro espanhol disse ao "The Wall Street Journal" – em comentários confirmados pelo seu gabinete – que é "100% certo" que pedirá ajuda se os custos de financiamento se mantiverem "demasiado elevados".

Os esforços de Rajoy para restaurar a confiança dos investidores sofreram um novo revés ontem, quando o presidente catalão, Artur Mas, apelou a eleições antecipadas na comunidade, depois de o governo central ter rejeitado o pacote orçamental apresentado pela Catalunha.

A juntar-se a este misto explosivo de tensão política e social, as regiões autónomas estão fortemente endividadas e foram já quatro as que solicitaram ajudas ao fundo central criado para o efeito.

Além das obrigações a 10 anos, os juros das restantes maturidades da dívida espanhola estiveram também em alta, numa sessão em que a bolsa de Madrid, por seu lado, fechou a cair 3,92%.

Milhares de manifestantes acorreram ontem às ruas de Madrid, para o chamado "cerco ao Parlamento", como forma de protesto contra os cortes orçamentais e os aumentos de impostos que Rajoy tem vindo a implementar desde que assumiu a chefia do governo, em Dezembro do ano passado.

Em Junho, os ministros da Economia e das Finanças da Zona Euro acordaram conceder até 100 mil milhões de euros à banca espanhola, estando ainda a ser definido por Espanha qual o valor a que será necessário aceder. Paralelamente, são cada vez mais as vozes que apontam para a necessidade de Espanha ter de pedir ajuda externa, algo que Rajoy tem tentado evitar a todo o custo.

Mariano Rajoy está esta semana em Nova Iorque, e depara-se igualmente com críticas por parte dos seus pares europeus devido à hesitação que tem demonstrado no que diz respeito ao eventual pedido de ajuda – o que permitiria que o BCE comprasse dívida espanhola.
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