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Mercados monetários têm um problema de 750 mil milhões num mundo de juros zero
Um segmento de 750 mil milhões de dólares ainda com dificuldades em recuperar da última crise está fragilizado pelo mantra da Reserva Federal de juros baixos por mais tempo, nos Estados Unidos.
Os fundos prime do mercado monetário - há muito tempo entre os favoritos de quem procura um investimento semelhante a posições em dinheiro com um pouco de rendimento extra - enfrentam um desafio existencial, apenas quatro anos depois da revisão regulatória para restaurar a confiança na sequência da crise financeira global. Os ativos nesses veículos caíram 20% em apenas seis semanas no início deste ano, promovendo o debate sobre novas reformas. Mas alguns dos líderes do setor têm optado por outra solução: fechá-los.
A Vanguard, segunda maior gestora de ativos do mundo, está a converter um fundo de 125 mil milhões de dólares para comprar dívida pública em vez de títulos de empresas de curto prazo nos quais investiu durante décadas. Recentemente, a Northern Trust e a Fidelity Investments recentemente fundos com um foco semelhante. As decisões consolidam a queda prolongada dos fundos prime e podem prejudicar um mercado do qual milhares de empresas dependem para obter financiamento.
As estratégias são efeitos colaterais da abordagem agressiva da Fed para manter os juros baixos nos próximos anos. A perceção de que esses fundos - que supostamente dão uma vantagem sobre alternativas mais conservadoras - não se tornarão muito mais atrativos tão cedo é uma perspetiva sombria para os investidores, e também para os gestores de ativos que têm cada vez mais dificuldade em justificar as suas comissões.
"Prevemos um período muito extenso do limite inferior a zero - isso é brutal para os fundos monetários", disse Jon Hill, estrategista de juros da BMO Capital Markets. "Qual é o argumento para entrar num fundo prime que poderá ser fechado e que é menos líquido do que estar em títulos do Tesouro, se só vai ganhar alguns pontos-base na yield?"
Os fundos prime perderam mais de 150 mil milhões de dólares em ativos com resgates entre o fim de fevereiro e o início de abril; tratando-se de um produto semelhante ao dinheiro com exposição a crédito, esses fundos são especialmente vulneráveis a resgates numa crise.
Para alguns, a turbulência recente lembra o cataclismo de setembro de 2008, quando um investimento em papel comercial do Lehman Brothers fez com que o preço das ações de um fundo prime caísse abaixo de 1 dólar. Esse evento gerou uma corrida aos fundos do mercado monetário, que geriam na altura cerca de 3,5 biliões de dólares, espalhando volatilidade nos mercados globais - e estimulou reformas abrangentes.
"Esperamos uma ronda adicional de reformas regulatórias", disse Greg Fayvilevich, diretor sénior da Fitch Ratings, que espera que os reguladores se concentrem nas comissões de liquidez e nos chamados gates, já que "a sensibilidade em torno desse limite de liquidez tornou os resgates em fundos monetários mais prováveis". Os custos adicionais associados a outra possível ronda de mudanças das regras podem estar entre os fatores que levam mais fundos a serem fechados, disse.