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Membros da Fed sinalizam aproximar do corte dos juros, mas resta saber em que medida
Dados relativos ao mercado de trabalho em agosto vão ter influência na dimensão do esperado corte das taxas de juro por parte da Reserva Federal dos EUA que, a acontecer, será o primeiro em mais de dois anos.
A presidente da Reserva Federal (Fed) de São Francisco, Mary Daly, considera que o atual "ciclo de aperto" pautado por subidas das taxas de juro terminou e que, em breve, iniciar-se-á uma tendência de descida, mas diz ser difícil dizer a que velocidade vai ocorrer.
"Um ciclo de aperto é um período temporal em que se começa a subir as taxas até atingir o pico, depois baixa-se, segura-se e depois baixa-se. E parece que, com base em toda a informação que tem surgido, este ciclo de aperto chegou ao fim e em breve deve iniciar uma trajetória de descida. Agora, desconhece-se quão rápido vamos ser capazes de descer, porque vai depender da informação e dos dados que tivermos", afirmou, numa entrevista a um podcast do Wall Street Journal.
Há uma expectativa generalizada de que pela primeira vez em mais de dois anos, a Reserva Federal dos Estados Unidos baixe as taxas de juro, no encontro previsto para 17 e 18, atendendo a que tal tem sido sinalizado por membros da Fed, mas há diferenças de opinião relativamente à medida que deve ter o primeiro passo, sendo dado como provável por muitos analistas a via mais "tradicional" de iniciar uma descida de 25 pontos base.
Seja como for, a decisão que o órgão liderado por Jerome Powell vier a tomar será muito escrutinado por o que irá transmitir em termos de perspetivas económicas e de riscos em tornos dessas perspetivas.
Mary Daly, que será uma das 12 pessoas que vão decidir quão agressivo será o corte, apontou que "a inflação parece estar suficientemente no caminho dos 2% para eliminar a necessidade de subir as taxas novamente" e relativamente ao mercado laboral a economista de trabalho de formação rejeitou que os dados relativos ao emprego em julho nos Estados Unidos sejam um sinal de enfraquecimento, embora ressalve que um ulterior abrandamento "não será bem-vindo".
Numa entrevista separada ao MarketWatch, da Dow Jones, o líder da Fed em Chicago, Austan Goolsbee, assinalou que a tendência tanto da inflação como do mercado de trabalho justifica não só o alívio da política monetária em breve, como também depois múltiplos cortes, de forma constante, ao longo do próximo ano. Isto porque - frisou - "a curva mostra que a inflação está a desacelerar muito significativamente e que a taxa de desemprego está a crescer a um ritmo maior" do que aquele que a Fed antecipou em junho.
Austan Goolsbee reconhece, em termos genéricos, que os dados sobre o emprego respeitantes a agosto, que devem ser conhecidos esta sexta-feira, podem determinar o tamanho e o ritmo dos projetados cortes das taxas de juro, mas ressalva, em simultâneo, que não se deve dar muito peso a números relativos a apenas um mês.