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Juros do BCE não subirem "em 2022 nem 2023 é uma boa notícia para a retoma", diz Marcelo

O presidente da República encontrou-se ontem com a presidente do Banco Central Europeu Christine Lagarde, que tem sinalizado que não irá mexer tão cedo nas taxas de referência.

Rodrigo Antunes/Lusa
04 de Novembro de 2021 às 15:14
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O Presidente da República elogia a estratégia de baixas taxas de juro do Banco Central Europeu (BCE), que considera que vai ajudar na retoma da economia. O ambiente de dinheiro barato não mudar em 2022 nem em 2023, segundo explicou Marcelo Rebelo de Sousa, após se encontrar com Christine Lagarde.

"Neste momento, não é previsível que tenhamos subidas nas taxas de juro em 2022 e 2023. São boas notícias para uma recuperação sustentada", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, na abertura da conferência anual da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta quinta-feira em Lisboa.

O chefe de Estado encontrou-se na quarta-feira com Christine Lagarde, a presidente do BCE, e relatou que "não teremos uma inflação preocupantemente acima de 2% e não teremos subidas súbitas e inesperadas dos juros" que estão atualmente em mínimos históricos em torno de 0%.

A francesa já o tinha dito publicamente, na sessão comemorativa dos 175 anos do Banco de Portugal, na quarta-feira, reforçando a mensagem que procurou passar no final da última reunião de política monetária. Afirmou que os juros não deverão subir tão cedo quanto espera o mercado – é "muito improvável" que tal aconteça no próximo ano – e as condições monetárias precisam de se manter acomodatícias, num momento em que as subidas de preços de matérias-primas e da energia já penalizam a economia.

Sustentabilidade e digitalização no centro da retoma
Marcelo Rebelo de Sousa sublinhou a importância de olhar para o médio e longo prazo mais do que para o curto prazo na dinamização do mercado de capitais, tal como no financiamento do combate às alterações climáticas, lembrando os avanços desenvolvidos pelos líderes globais na COP26 em Glasgow.

A mesma mensagem foi passada pelos líderes dos reguladores presentes no evento.
"O greenwashing é um grande problema", alertou Ashley Alder, presidente da International Organization of Securities Commissions (IOSCO), sublinhando que atualmente "os investidores não têm informação suficiente para tomar as melhores decisões".

"O futuro dos mercados de capitais globais vai acontecer num cenário em mudança, que está a desafiar os atuais modelos económico e social; silenciozamente a remodelar o quadro tradicional do capitalismo como o conhecenhemos e a mudar a natureza das empresas através de um renovado sentido de objetivo e do que é a boa governação", afirmou a presidente da CMVM.

Gabriela Figueiredo Dias frisou que os mercados estão a lidar com uma agenda disruptiva ao nível digital e de sustentabilidade. "Vieram para ficar enquanto testemunhamos um crescente interesse e preocupação dos reguladores para os seus impactos na estabilidade financeira", acrescentou.

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