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Investimento em depósitos atinge recorde com subsídios do Estado

BCE revela aumento de mais de mil milhões de euros no saldo total em Julho.

35.º - Joaquim de Sousa Ribeiro 
Influência do Tribunal Constitucional em diplomas essenciais dá grande poder ao seu presidente.
Bruno Simão/Negócios
28 de Agosto de 2013 às 23:35
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As famílias portuguesas nunca tiveram um montante tão elevado aplicado em depósitos. O saldo total atingiu um novo máximo histórico depois se ter verificado no mês passado um aumento de mais de 1.000 milhões de euros. Um pico explicado, em parte, pela entrada de dinheiro dos subsídios de férias que foram pagos pelo Estado aos funcionários públicos e pensionistas em Julho.

De acordo com os dados do BCE, no mês passado verificou-se um aumento de 1.024 milhões de euros no saldo dos depósitos de particulares, elevando o "bolo" de 132,1 mil milhões registados em Junho, segundo o Banco de Portugal, para cerca de 133 mil milhões, em Julho. Foi o sexto mês consecutivo em que o montante global aplicado junto das instituições financeiras aumentou, sendo que é preciso recuar mais de um ano para encontrar um mês com uma evolução tão expressiva.

Em Junho de 2012 o saldo global aumentou em 1.400 milhões. Um pico que é habitual neste mês, já que coincide com a altura em que a maioria das empresas paga o subsídio de férias. Este ano, contudo, não se verificou dado que muitos portugueses estão a receber mensalmente parte do subsídio de férias e de Natal, sob a forma de duodécimos. Não houve um pico em Junho, mas houve em Julho.

"A decisão do Tribunal Constitucional (TC - presidido por Joaquim Sousa Ribeiro, na foto)", que determinou que o Governo avançasse com a reposição dos subsídios de férias aos funcionários públicos e reformados, "poderá ter contribuído para este aumento do montante aplicado em depósitos", diz Nuno Coelho, ao Negócios. A decisão do TC ditou que o pagamento fosse realizado em Julho.

Este facto explica, em parte, o forte aumento do montante investido em depósitos que, segundo os dados do Banco de Portugal, tem vindo a crescer mês após mês. "É assinalável que os depósitos estejam a aumentar desde o início do ano, mesmo com a quebra da rendibilidade" destas aplicações que, em Junho, pagavam em média 2%. "Estão a poupar mais, em produtos com menos risco", assinala o economista do BPI.

"Há uma ligeira melhoria da situação financeira das famílias que conseguem poupar e que continuam a não querer gastar", lembra Filipe Garcia, economista da IMF. "Aliás, nota-se também uma subida nas aplicações em certificados de aforro, pelo que o se reforça a ideia de que quem pode continua a poupar", remata. E acrescenta: "Acredito que a dificuldade em obter crédito conduza a mais poupança".

Emigrantes ajudam

O forte aumento do saldo dos depósitos dos particulares, em Julho, coincidiu também com o arranque de muitas campanhas por parte das instituições financeiras dirigidas aos emigrantes que no Verão regressam ao país de origem. "É possível" que também tenha contribuído para a evolução registada, diz Nuno Coelho, lembrando que "os depósitos dos emigrantes estão incluídos nos dos particulares"

"Acredito que a maior proactividade da banca na promoção de aplicações para os emigrantes possa também ter contribuído para fazer aumentar o saldo", remata o economista. Praticamente todos os bancos apresentaram soluções de poupança destinadas a emigrantes. À falta de taxas de juro mais atractivas, as instituições socorreram-se de algumas ofertas, algumas bastante originais. O BES, por exemplo, ofereceu cartões de combustível na Repsol, "vouchers" para utilizar na cadeia de hotéis Tivoli, e até camisolas da Selecção Nacional de Futebol, autografadas por Cristiano Ronaldo.

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