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Evergrande quer virar-se do imobiliário para carros elétricos e ações da fabricante NEV disparam 17%
As declarações sobre a vontade de fazer com que os carros elétricos se tornem no principal negócio da gigante chinesa fizeram mexer as ações da NEV, a unidade do grupo dedicada a estes veículos, que viu os títulos subir 17%.
O gigante de imobiliário Evergrande, que está a atravessar uma crise de dimensões significativas, sinalizou a intenção de tornar a área dos carros elétricos no seu principal negócio dentro de uma década. De acordo com o Securities Times, o "chairman" do Evergrande, Hui Ka Yan, estará interessado em reduzir o negócio na área do imobiliário e focar-se na área dos veículos que recorrem à energia elétrica.
E, nesta área de atividade, a empresa detém a New Energy Vehicle Group (NEV), que até ao momento não fez chegar aos clientes um único automóvel elétrico. Apesar desse cenário, esta unidade não esconde os planos de competir com empresas como a norte-americana Tesla, por exemplo. Caso a alteração de rumo do "chairman" se confirme, as dificuldades de produção da NEV prometem ser um desafio.
Só o facto de os elétricos se poderem transformar no negócio principal da empresa no espaço de uma década foi suficiente para animar os investidores. As ações da NEV chegaram a subir 17% em Hong Kong, fechando a sessão com ganhos de 11%, para 4 dólares de Hong Kong.
Ainda assim, a comparar com o máximo registado em fevereiro, as ações da NEV registam este ano uma queda de 94%. À semelhança da restante indústria automóvel, também a crise de "chips" está a ter efeitos nos planos, refletindo-se na ações. A empresa espera vir a entregar o primeiro carro elétrico, chamado Hengchi, no início do próximo ano, de acordo com um comunicado da empresa, datado de 11 de outubro.
Segundo a análise da agência Bloomberg, esta viragem do Evergrande para os elétricos "não deverá necessariamente eliminar o risco", indica Adrian Sim, analista de crédito da Bloomberg Intelligence. "Os veículos elétricos são tão competitivos como o imobiliário, não há garantia de que o Evergrande consiga alcançar os incumbentes."
A companhia já gastou mais de 3,7 mil milhões de dólares (3,9 mil milhões de euros) na unidade de veículos elétricos ao longo dos últimos anos. As contas da empresa apontam que este investimento ainda não terá dado frutos, com a NEV a reportar um prejuízo de 4,8 mil milhões de yuan no primeiro semestre do ano, o equivalente a cerca de 648 milhões de euros.
Embora o Evergrande seja descrito como um gigante imobiliário, tem negócios em diversas áreas de atividade, desde o desporto até à água mineral. Esta dispersão por várias áreas de atividade foi alvo de críticas por parte do Banco Popular da China, nas primeira declarações feitas após a crise da empresa se tornar pública.
Num "briefing" feito a 15 de outubro, Zou Lan, porta-voz do Banco Popular da China, indicou que "nos últimos anos a empresa falhou em gerir o seu negócio de forma correta e operar de forma prudente em condições de mercado em mudança". Em vez disso, a empresa "expandiu-se e diversificou" negócios, referiu este responsável.